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Saúde da Família colabora com o desenvolvimento do país

Wagner Vasconcelos - Fiocruz Brasília

O retorno de doenças que o Brasil já via como superadas, o envelhecimento da população, as mudanças climáticas e os investimentos em saúde cada vez mais suprimidos conformam um cenário de alerta que reforçam a necessidade de maior atenção e investimento na Estratégia Saúde da Família. Essa é a síntese das falas realizadas na tarde do dia 27, no auditório Cecília Donângelo, durante a mesa redonda Evidências da Saúde da Família na Redução de Iniquidades e na Melhora da Saúde da População Brasileira.

A médica e pesquisadora Claunara Schilling Mendonça, da UFRGS, chamou a atenção para o fato de que, passados 40 anos da conferência de Alma Ata, os países ainda não cumpriram o compromisso assumido naquele encontro de garantir saúde para todos até o ano 2000. Com isso, os desafios para a saúde das populações continuam a demandar mais atenção primária.
De acordo com a pesquisadora, ainda persistem no Brasil modelos centrados no hospitais, destinando à atenção primária apenas 18% dos recursos federais da área da saúde.

Embora o país precise avançar na revisão dos modelos centrados nos hospitais, a pesquisadora afirmou que o Brasil tem resultados importantes decorrentes da Estratégia de Saúde da Família, sendo a redução das taxas de mortalidade materna e infantil um dos mais notórios. Ela destacou ainda a redução da mortalidade por doenças sensíveis à atenção primária . “Os estudos mostram que a redução é maior quanto maior cobertura da saúde da família”.

Por outro lado, a vulnerabilidade social está diretamente relacionada ao aumento das internações hospitalares. “A depender do bairro, é maior ou menor o nível de internações”, afirmou a pesquisadora. Por isso, chamou a atenção para os riscos de politicas de austeridade que comprometam a sustentabilidade de programas sociais capazes de reduzir as iniquidades. Alertou para o risco de a Emenda Constitucional 95 (que limita investimentos públicos por 20 anos) gerar 20 mil mortes de crianças menores de cinco anos de idade.

Também integrante da mesa, o pesquisador norte americano James Macinko, da Universidade da Califórnia, abordou o tema “Atenção Primária à Saúde: estratégia chave para a sustentabilidade do Brasil”. Ele ressaltou que a Atenção Primária em saúde é essencial, e que a estratégia Saúde da Família é um modelo forte desse tipo de atenção, sobretudo no que diz respeito às dimensões do acesso e da utilização do sistema de saúde.

Segundo o pesquisador, é preciso enfatizar a Atenção Primária à Saúde porque ela é fundamental para o indivíduo alcançar seu potencial de vida e para que o país maximize seu desenvolvimento.
Dados apresentados por ele mostram que o FMI estima que uma melhoria de 10% na esperança de vida está associada a um aumento do crescimento econômico de 0,3% até 1,7% por ano.

“Melhores condições de saúde estão associadas à maior produtividade e a maior desempenho acadêmico”, defendeu o Macinko. De acordo com ele, diversos estudos também mostram que sistemas de saúde com fortes investimentos em atenção primária tendem a ter melhores resultados de saúde, já aqueles com fracos investimentos perdem mais anos potenciais de vida.

Ainda de acordo com o pesquisador, o Brasil tornou-se reconhecido internacionalmente como líder e inovador na área de atenção primária comunitária. Porém, concluiu dizendo que há um consenso internacional de que a falta de investimento em sistemas e serviços de saúde “pode resultar em piores condições de vida, retrocessos nos avanços já alcançados, mais desigualdades, e pode até desacelerar o crescimento econômico”.

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