Consumo crescente estimado em mais de 60% somente neste ano, no Brasil, os podcast são uma forma de produção e distribuição de informações que veio para ficar. Quem não ouve um, ainda vai ter sua listinha de preferidos dentro de uma “podosfera” toda própria – e que produz todo o tipo de conteúdo – e cada vez maior. A Saúde Pública não está de fora desse movimento e já tem algumas experiências dessas novas mídias, que se reunirão nesta sexta-feira, 8 de novembro, na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP).
Na verdade, é quase o encontro dessa nova família de mídias, que, mesmo tendo as mais variadas origens e bagagens, teve no curso de verão “Saúde que se Comunica: linguagem, análise de experiências e práticas de produção em rádio e podcast”, aplicado por Eduardo Vicente, professor da Escola de Comunicação e Artes da mesma universidade (ECA/USP) em março deste ano, a porta de entrada para esse formato em expansão.
“No último ano da graduação estava ouvindo muito podcast, comecei a procurar algum que trata-se da temática do SUS, da Saúde Pública/Coletiva e o resultado da pesquisa foi zero… não tinha achado nada. Diante disto comecei a organizar a ideia de ter um podcast que falasse sobre o SUS, já que estamos em constante disputa sobre a potencialidade e importância do nosso sistema de saúde. Participei do curso de verão para aprimorar meus conhecimentos, e fui atrás de pessoas que topassem participar deste projeto” diz Marcos Andrey Dompieri, um dos criadores do podcast “AvanSUS”, lançado em abril deste 2019.
Com debates voltados 100% sobre o SUS, seus pontos positivos, negativos, o AvanSUS é produzido por Dompieri juntamente com Rafael De La Torre Oliveira, Luiz Jorge Filho e Débora Aliguieri, e participação de Raphael Henrique Travia, de Santa Catarina. O programa é também um canal de comunicação da Associação Paulista de Saúde Pública (APSP), que já percebe a força desse formato. “Com o passar do tempo, os temas abordados, as pessoas convidadas e a relevância que se tem quando o assunto é SUS, muitos associados começaram a participar de forma mais ativa na APSP, com muitas vindo a se associar” ressalta ele, também dirigente da entidade.
Diversos formatos: plasticidade e multiplicidade são duas palavras que definem bem esses programas de áudio que podem ser ouvidos em qualquer momento e lugar e serem desde um bate-papo até grandes reportagens. Foi por esse segundo caminho que Maria Thereza Reis resolveu trilhar com o podcast “Saúde que se Comunica”, tendo surgido também no curso de verão da FSP/USP.
“Como sou jornalista, a ideia inicial foi montar um podcast para reportagens. Acredito que nesse diferencial de ser uma reportagem jornalística, feito por uma jornalista que trabalha há muitos anos com saúde pública e que sim, fala de saúde, porém com foco em políticas públicas de saúde e na saúde como direito, com o objetivo de ampliar o conceito de saúde” explica Thereza, parceira da Comunicação da Abrasco, tendo compondo a equipe em diversos congressos.
Thereza toca tudo sozinha, da definição da pauta, passando pela produção e edição o material, até o trabalho de divulgação dos programas. O Dia Mundial da Saúde na Praça da Sé; Saúde e Arte na parada do orgulho LGBT e o acompanhamento de estudantes da FSP/USP da Jornada Universitária da Saúde em um município do interior paulista foram algumas dessas aventuras retratadas em áudio.
“Os meus maiores desafios são lidar com a parte técnica do áudio, tanto na captação quanto na edição. Porém, a gente aprende na prática e trabalha com o que está disponível no momento!” ressalta a jornalista, que relata também o desafio financeiro para a manutenção do projeto. Mesmo assim, Thereza começaria tudo outra vez. “Trabalhar com o “Saúde que se Comunica” tem sido muito prazeroso e funciona como um laboratório e vitrine do meu trabalho, já rendendo frutos”.
Inovação na abordagem: Essa visibilidade e a abertura para outros públicos – com destaque para os mais jovens – também são pontos destacados por Thiago Henrique, do podcast “Medicina em Debate”: “A gente demarca uma posição clara em defesa do SUS, contra as desigualdades sociais e por um outro modelo de saúde. Ao mesmo tempo, queremos alcançar um público fora da bolha tradicional do campo progressista, o que faz com que a gente sempre tenha o cuidado de trazer bons elementos do debate técnico e clínico aliados às reflexões mais gerais sobre a sociedade que vivemos, a desigualdade, a medicalização” diz o docente e médico de família.
Já com dois anos de existência, o programa tem a participação de Ana Pimentel; Aristóteles Cardona Júnior; Felipe Monte Cardoso; Mayara Floss; Pedro Carvalho Diniz; Rubens Cavalcanti e Thiago Henrique Silva. A busca por esse olhar mais apurado e fora do senso comum faz com que o programa aborde diversas pautas já debatidas em outros programas de saúde, mas que quase sempre resvalaram na hora de imprimir um olhar mais coletivista à prática médica, abordando desde temas como ressaca e outras reações do corpo após as baladas; sarampo e doenças re-emergentes; Saúde Global: Programa Mais Médicos, e até aplicativos de paquera.”É uma produção coletiva, mas que acaba muitas vezes sobrecarregando alguns, os mais dedicados, como toda construção coletiva. Toda a equipe produz e ajuda muito” reforça Thiago Henrique.
Podcast na Saúde: para conversarmos sobre experiências que estão rolando na área da saúde
Dia 8 de novembro, às 17h
Sala Borges Vieira – Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo
Endereço: Av. Dr. Arnaldo, 715 – Cerqueira César – São Paulo – SP
Inscrições aqui: http://www.fsp.usp.br/ccex/form/form1.php?vIdEv=469
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