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Segunda reunião com Comissões, Fóruns e GTs fortalece ações da Abrasco neste 2020

Unidade em torno da defesa e dos avanços dos direitos sociais e da democracia; diversidade nas frentes de ação e nas parcerias estratégicas, e inspiração colhida no conhecimento científico e social e na trajetória dos grandes nomes da saúde e de nossa história marcaram o clima fraterno e construtivo da segunda reunião virtual das estruturas internas da Abrasco, realizada na noite de 10 de novembro.

Sessenta abrasquianos e abrasquianas representantes das 3 comissões, dos 2 comitês, dos 3 fóruns, da Rede APS e de 19 dos 21 grupos temáticos da Abrasco, repassaram as ações conjuntas da Associação em suas diversas frentes neste 2020 – ano marcado pela perda de mais de 162 mil brasileiras e brasileiros e de quase 1,3 milhão de pessoas no mundo pela pandemia de Covid-19 e que segue exigindo da sociedade civil e da comunidade da saúde coletiva uma intensa participação na construção de respostas, propostas e alternativas nos processos de cuidado e formação, e constante vigilância pela garantia das conquistas do Estado democrático de direito de nosso país.

É nesse cenário e perspectiva que a Abrasco faz-se presente, como destacado pela presidente Gulnar Azevedo na abertura da atividade. “Isso é fruto de uma construção histórica muito forte. Não é algo porque nós, enquanto indivíduos ou gestão, chegamos agora. A Abrasco é uma construção coletiva importante da história de nosso país. Por isso conseguimos fazer o que estamos fazendo”.

A perda de Hesio Cordeiro, pioneiro na fundação do campo e presidente da Abrasco entre 1983 e 1985, foi devidamente lembrada e sua trajetória, homenageada. “Hesio foi um de nossos grandes mestres. Poderia ter ido para qualquer grande instituição do exterior na década de 1970, mas preferiu ficar no Brasil, batalhando por todas as causas e merece todo o nosso reconhecimento” ressaltou a presidente, numa emocionada fala que mobilizou a audiência.

Na sequência, vice-presidentes e integrantes do Conselho apresentaram as frentes de ação que têm sido debatidas na diretoria e construídas em parceira com importantes entidades estratégicas.

A atuação da Marcha e Frente Pela Vida e a construção do Plano Nacional de Enfrentamento da Pandemia de Covid-19, ponto central da primeira reunião virtual com Comissões, Fóiruns e GTs, em julho, foi retomada por Marcio Florentino. “A articulação que contou com SBPC, CNS e as entidades do Movimento Pela Reforma Sanitária mostrou o patrimônio e cultura que a saúde coletiva construiu, e um desses resultados é o próprio SUS. O Plano se tornou uma referência diante da ausência de uma coordenação política unificada a nível federal e extrapolou o debate interno da área, uma contribuição política importante à sociedade”.

Integrantes da Comissão Científica do 4º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão em Saúde, Rosana Onocko e Luis Eugenio de Souza destacaram o processo de construção do documento Fortalecer o SUS em defesa da democracia e da vida, lançado em 28 de outubro.

“Em meio à força que vemos tomando certas articulações, nos preparamos para responder às ideias mercantis que proliferam e fingem ser defensoras do SUS”, apresentou Rosana, ressaltando o processo de elaboração do documento em diálogo com a organização do 4º Congresso Brasileiro da área, remarcado para março de 2021. “Tentamos construir um texto que, apoiado em evidências científicas, pudesse apresentar valores antiprivatizantes e reforçar os princípios da construção do Sistema.”

“Mais do que defender o SUS, o documento reconhece a urgência de melhorias. Para isso, é necessário o fortalecimento do caráter público do sistema, ampliar recursos e estruturar uma política para o trabalho e educação em saúde nas redes de atenção”, completou Luis Eugenio, destacando ainda que o documento está sendo distribuído às candidaturas nas eleições municipais e subsidiando as oficinas de trabalho do Congresso.

Lançado em 23 de outubro, o Manifesto Ocupar Escolas, Proteger Pessoas e Recriar a Educação foi apresentado por Naomar de Almeida Filho. “A articulação entre os campos da saúde e educação começou enquanto avançávamos na construção de pautas para a Ágora Abrasco. Fizemos uma série de escutas, provocando um debate novo que une esses campos. A articulação e sinergia foram muito rápidas, reforçando o papel dessa interlocução”.

A boa adesão ao documento, com 59 instituições e entidades representativas da sociedade civil organizada no campo da educação e saúde, potencializou o processo de escuta ativa, compartilhamento de ideias e construção de acordos. O documento encontra-se em revisão para novas contribuições e será relançado na próxima terça, dia 17.

A diversidade das ações da Abrasco mobilizadas pelas áreas temáticas foi vocalizada pelos coordenadores no diálogo com as ações apresentadas e no informe e debate de novas demandas. Abraçar as temáticas da educação inclusiva e da educação indígena foram apontadas como necessárias para a revisão do manifesto Ocupar Escolas. As mobilizações e denúncias da má atuação do governo federal na pandemia entre os povos indígenas lideradas pela APIB e com o apoio do GT Saúde Indígena têm sido fundamentais para que o direito à vida lhes seja assegurado. A manifestação incisiva pela suspensão da consulta pública da Política Nacional de Informação da Saúde (PNIIS) suspendeu a implementação de um processo no qual a sociedade estava alijada. Ao pautar o tema junto com o Idec, o GT de Informação em Saúde tem ampliado a percepção das entidades que compõem o CNS de que a política de dados não é algo que diga respeito apenas à gestão, mas sim ao controle social.

Novas articulações mobilizadas em desagravo ao ex-ministro Alexandre Padilha por sua defesa da Reforma Psiquiátrica têm rumado para a discussão de novas formas de vigilância ativa contra a perda da liberdade de expressão, pelo respeito às estruturas democráticas no interior das universidades e contrárias às práticas segregacionistas que têm se fortalecido na agenda do Executivo, reforçando a ideia que a defesa dos Direitos Humanos é um vetor transversal a todas as áreas da Saúde Coletiva e plano de incidência das ações da Abrasco.

 Novos caminhos para a Ágora Abrasco: Estratégia de comunicação lançada em 7 de abril, a Ágora Abrasco realizou 86 transmissões até o momento. A avaliação do encontro ressaltou que a iniciativa ampliou a voz da Associação no debate público, serviu de instrumento para aglutinar movimentos e agendas, e amplificou a produção de conhecimento da área, tendo suas sessões utilizadas como recurso didático por diversos programas de pós-graduação e cursos de graduação. A manutenção das ágoras para o monitoramento e acompanhamento da pandemia e em recortes temáticos será mantido para 2021.

O espaço da TV Abrasco, nosso canal do YouTube, também tem sido abraçado pelas comissões. O 4º Congresso de Política, Planejamento e Gestão organiza nesta sexta, dia 13, sua segunda oficina de trabalho; e o 11º Congresso de Epidemiologia organizará uma semana de Debates Pré-Congresso entre os dias 24 e 27 de novembro.

A liderança de Gulnar Azevedo na condução de tantas frente e na escuta às diversas demandas foi destacada em diversas falas, às quais ela agradeceu e frisou o caráter coletivo da diretoria e da própria Abrasco nessa construção política. “Quando escolhemos o mote ‘Resistir e Avançar’ para o nome de nossa chapa às eleições da Associação, não sabíamos o cenário que enfrentaríamos. No entanto, todas as nossas mobilizações mostram que, em meio à adversidade política e da pandemia, estamos não só resistindo, como avançando e sendo propositivos. E isso faz toda a diferença”.

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