Em um cenário político e social marcado por forte polarização de ideias como o atualmente vivido no Brasil, é merecedora de nota e fonte de ânimo toda e qualquer atividade que fortaleça o pensamento crítico e que valorize a pesquisa social em projetos que reúnam universidades, centros de pesquisas e as diversas coletividades, em especial as mais vulneráveis. Esta é a perspectiva do terceiro Seminário Nacional de Pesquisa em Extensão Popular (III SENAPOP), a ser realizado de 16 a 19 de novembro, nas dependências da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa. A submissão de resumos está aberta até 21 de agosto. Clique, acesse a área de inscrições e participe.
O evento reunirá profissionais, docentes, estudantes e militantes que vislumbram horizontes de uma formação e extensão universitárias baseadas em reflexões capazes de fomentar iniciativas e experiências orientadas pela Educação Popular, perspectiva esta batizada de Extensão Popular. Em ligação direta e estreita com a Saúde Coletiva, o encontro contará com a participação de diversos abrasquianos associados e organizados no Grupo Temático Educação Popular em Saúde (GT EdPop/Abrasco) e na Comissão de Ciências Sociais e Humanas em Saúde (CCSHS/Abrasco). “O campo da Saúde, particularmente a Saúde Coletiva, tem sido pioneiro no campo da Extensão Popular e, nacionalmente, é o setor que mais tem difundido essa perspectiva do fazer extensionista e as muitas possibilidades de reorientação da pesquisa a partir da extensão”, explica Pedro Cruz, professor da UFPB, membro do GT EdPop/Abrasco e coordenador do Grupo de Pesquisa em Extensão Popular (EXTELAR) – organização à frente do Seminário. Além de Cruz, estarão presentes nas mesas de debates e nos círculos de ideias e cultura Helena Leal David (IMS/UERJ), Elza Melo (DSC/FM/UFMG), Sonia Acioli (Facenf/UERJ), Eymard Vasconcelos (UFPB) e Roseni Pinheiro (IMS/UERJ), entre outros abrasquianos.
A perspectiva para a terceira edição é verificar o acúmulo alcançado nos últimos sete anos de evento, identificando experiências de trabalho social permanente nos territórios e junto às diversas coletividades espalhadas pelo Brasil, compartilhando metodologias e perspectivas de pesquisas com abordagens ativas e participativas. “Esse nosso jeito freireano de pensar e de fazer a extensão destaca-se pela inserção dos estudantes em processos de trabalho social em diversos territórios e contextos. Em meio ao cotidiano, em uma ação pautada pelo respeito aos saberes populares e pela construção de intervenções com as pessoas, e não apenas para elas ou apesar delas, a Extensão Popular desvela a potência dos futuros profissionais em agir de maneira crítica, compromissada e dialógica, empreendendo ações técnicas que sejam também edificantes e transformadoras” diz o organizador, sem papas na língua ao resgatar o papel fundador de Paulo Freire, educador e filósofo de reconhecimento internacional, como marco teórico que unifica no debate da Educação Popular áreas como Saúde Coletiva, Medicina, Nutrição, Estudos Culturais e Ambientais, Educação e até Direito e Economia.
“Acreditamos firmemente que a Extensão Popular é um importante instrumento de reorientação da formação universitária dos cursos do setor saúde, com grande potencial de influenciar disciplinas da graduação e da pós-graduação, bem como fundamentar uma prática profissional mais integrada aos princípios e às necessidades do SUS”, completa Pedro Cruz, ressaltando o papel do encontro como ferramenta de consolidação da Política Nacional de Educação Popular em Saúde (PNEPS-SUS), instituída pelo Ministério da Saúde em 2013, fruto de intensa mobilização e luta de coletivos como a Abrasco, a Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de Educação Popular e Saúde (ANEPS), entre outros coletivos.
Confira aqui programação completa do evento e veja as informações e regras para submissão de artigos e pesquisas.