O painel Diálogos emergentes sobre cuidado e povos indígenas aconteceu no dia 8 de outubro na Ágora Abrasco e trouxe conversa entre os Grupos Temáticos Saúde Bucal Coletiva e Saúde Indígena da Abrasco. Coordenada por Maria Augusta Bessa Rebelo (UFAM e GTSBC/Abrasco), a atividade abordou temas como cuidado, interação, formação profissional e sensibilidade.
Rui Arantes (Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz e GT Saúde Indígena da Abrasco) falou sobre o cuidado e o trabalho desenvolvido com os Xavantes, contou sobre a higiene bucal dos indígenas e sobre a atenção diferenciada na Saúde Bucal. Em referência à interação com os povos indígenas, Arantes afirmou que, no trabalho de campo, “não chegamos em um campo vazio de conhecimentos. Temos que interagir com saberes, estamos levando mais um conhecimento para eles”, explicou.
“Fomos obrigados a negar nossos conhecimentos. Lamentavelmente, o modelo ocidental equiparou nossos pajés, nossos especialistas, a bruxos”, explicou o pesquisador Tukano e doutorando na UFAM João Paulo Barreto acerca dos conhecimentos indígenas. De acordo com Barreto, “a ciência tem grande dificuldade de compreender, e não admite, as formas terapêuticas indígenas”, observou.
Sobre políticas e práticas de saúde indígena, a pesquisadora da UFSC Esther Jean Langdon pontuou que “o conceito de saúde diferenciada não está claro para alguns profissionais”. Refletindo sobre conceitos de integração e articulação com as práticas tradicionais, a professora afirmou serem necessárias estratégias que permitam o diálogo entre as práticas e os saberes e que este é um desafio na formação dos profissionais.
Maria Luiza Garnelo, pesquisadora da Fiocruz Amazônia e membro do Conselho Deliberativo da Abrasco, também fez considerações sobre a formação profissional. “A gente precisa de menos técnica na saúde indígena, precisamos mais sensibilidade, respeito a diferença, é difícil para o profissional de saúde ter a simetria para a possibilidade do diálogo”, finalizou.