A pandemia de Covid-19 colocou o Sistema Único de Saúde (SUS) no centro da atenção da população brasileira. Nunca a importância de um SUS fortalecido, bem financiado e com pessoal capacitado foi tão clara. Responsável por propor políticas, levantar dados e estratégias para garantir o pleno funcionamento do SUS, o sanitarista brasileiro viu sua profissão aos poucos ganhar o reconhecimento, a força política e o amparo legal necessário, enquanto problemas antigos do SUS permanecem demandando mobilização. Celebrados no dia 2 de janeiro, dia do Sanitarista, profissionais aproveitam a data para avaliar as últimas vitórias e delimitar caminhos para o que pode ser a profissão.
Para Rosana Onocko, presidente da Abrasco, o último ano trouxe movimentos importantes para a área. “Apesar de termos trabalhado muito tentando demonstrar a importância da nossa área, das vacinas, do correto manejo da pandemia. Por outro lado, foi um ano de boas notícias.”, afirma Rosana, relembrando a recente aprovação das diretrizes curriculares dos cursos de graduação em Saúde Coletiva, demanda concretizada a partir da articulação da Abrasco com alguns parlamentares, e a aprovação, em primeira instância, pela câmara dos deputados da Lei que regulamenta a profissão do sanitarista.
Marco importante para a profissão, o PL do Sanitarista (PL 1821/2021), recentemente aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJC), fortalece os contornos da profissão e regulamenta a profissão de Sanitarista, estabelecendo os requisitos para o exercício da atividade profissional. Para Livia Souza, do Fórum de Graduação em Saúde Coletiva da Abrasco, a mobilização da Saúde Coletiva em torno da pauta foi essencial para sua aprovação: “Sem o protagonismo desempenhado pelos egressos do bacharelado em saúde coletiva, em especial pela representação da ABASC e pela construção, suporte e articulação dos envolvidos com essa graduação reunidos por meio do Fórum de Graduação em Saúde Coletiva da Abrasco essa vitória seria impossível.”, afirma Lívia.
O que pode ser o sanitarista?
Entender o que se ganhou na profissão é uma parte importante para se entender onde ainda é necessário avançar. À luz do dia do sanitarista, profissionais refletem sobre suas expectativas e vislumbram o que pode ser o sanitarista brasileiro. A Abrasco ouviu pessoas de diferentes regiões do país, que atuam em diferentes setores do Sistema de Saúde para ouvir deles seus desejos para o futuro da profissão.
Criatividade, transformação, cuidado, garantia de direitos, comprometimento, militância e resiliência são características que os definem, segundo os próprios profissionais sanitaristas. Ideraldo Beltrame, sociólogo e sanitarista associado à Abrasco ainda completa: “Ser sanitarista é buscar constantemente a manutenção da luta pela vida, pelos direitos, pela diversidade.”
Itamar Lages, sanitarista da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) finaliza: “O SUS é uma política humanizadora. O sanitarista é um agente que materializa essa política.”
Os recentes avanços na tramitação do PL do Sanitarista legitimam e regulamentam as atividades dessa profissão, que após anos de atuação intensa durante a pandemia, vê nesse ano que recém começou um cenário que abre espaço à construção coletiva do que se espera que seja o sanitarista.
O sanitarista pode ser mais: profissionais compartilharam desejos de ser também um educador, um ator estratégico, uma gestora ou uma pesquisadora. Bianca Leandro, que atua com ensino, pesquisa e cooperação técnica com Serviços de Saúde na Escola Politécnica da Fiocruz destaca a potência multidisciplinar da profissão: “O sanitarista é um profissional da saúde que pode exercer uma infinidade de atividades dentro da área.”
Raelma Paz Silva vai além: “o sanitarista pode ser o que ele quiser: Ministro da saúde, pesquisador, professor universitário, advogado, dentista, enfermeiro! São muitas possibilidades.“
2 de janeiro – Dia Nacional do Sanitarista – Confira a ação da Abrasco nas redes sociais e deixe sua contribuição!
