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Sessão Magna do Abrascão 22: Sistemas de saúde precisam de democracia e financiamento para se desenvolver

Bruno C. Dias e Clarissa Viana/ Cidacs

Ximena Aguilerra e Jarbas Barbosa no telão em sessão mediada por Rosana Onocko Campos – Foto: Abrasco

Retomar o lema histórico Saúde é Democracia em novos patamares para o aprofundamento e efetivação desse direito, que deve ser universal em todos os países, para todas as coletividades. Ximena Paz Aguilera, médica e ministra de Saúde do Chile, e Jarbas Barbosa, diretor eleito da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), compuseram a Sessão Magna do 13º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva. Junto com a análise de cenário, ambos reforçaram experiências governamentais inovadoras e novos caminhos a serem trilhados.

Com coordenação da presidente Rosana Onocko Campos, a sessão foi aberta pela Orquestra de Violões da UFBA, que apresentou peças da música brasileira tocada por 16 violonistas, entre alunos e docentes da Escola da Música da universidade federal baiana. Num encontro entre o erudito e o popular, o repertório emocionou o público e preparou o terreno para as reflexões propostas pelos dirigentes internacionais. 

A presença de ambos os conferencistas foi mediada pela tecnologia, num rico diálogo virtual numa lotada Plenária Lélia Gonzalez. Aguilera agradeceu o convite da Abrasco, cujo papel científico e político destacou, e lamentou não estar presente. Felicitou a eleição de Barbosa para a direção do organismo internacional como um a vitória da luta pela saúde das Américas. 

A ministra fez uma enxuta exposição sobre a situação de saúde e da economia no Chile dos últimos anos. “Somos um país que avançou na redução de pobreza, na ampliação da formação escolar e da expectativa de vida. No entanto, as desigualdades sociais continuam sendo um desafio”.

Apesar do país estrururar a política de saúde no modelo do seguro social, a legislação indica uso do sistema complementar articulado entre prestadores públicos e privados. A nova gestão do governo de Gabriel Boric tem buscado caminhos para desfazer essas amarras. “Com as mudanças feitas, mais de 200 mil pessoas já deixaram de desembolsar mais de 5 milhões de dólares.

Apesar dos altos custos desembolsados, a população ainda sofre com o tempo de espera e entraves para acessar os serviços de saúde. Para a superação desses gargalos, o Ministério da Saúde chileno tem discutido uma reformulação nas ações do cuidado.

“A democracia nunca está dada por si só”: Eleito diretor da Organização Pan-americana de Saúde no último, Jarbas Barbosa destacou o papel da Abrasco no enfrentamento da pandemia. “A Abrasco e seus associados e associadas tiveram um papel especial, na discussão de documentos técnicos e protocolos nos mais diversos níveis intra-governamentais e em toda a sociedade, contribuindo para a realização de uma resposta aperfeiçoada”.

Apesar de todas as dificuldades enfrentadas, Barbosa ressaltou o quanto os profissionais de saúde foram valorizados e como é necessária a democracia para a superação dos desafios impostos.

“O nosso Sistema Único de Saúde no Brasil se fortalece justamente por sua capacidade de diálogo, abertura, liberdade de expressão, interação com a comunidade […] Só num ambiente democrático onde se pode debater de maneira aberta e os  presidentes e tomadores de decisão possam ter sobre a saúde o conjunto de decisões para que o direito à saúde possa ser transformado em prática, em algo que acontece na vida real”.

Além de democria, Barbosa destacou a imperiosa necessidade de financiamento para o desenvolvimento dos sistemas. “De cada 100 pessoas que têm hipertensão na América Latina e no Caribe, só 50 sabem; os outros 50 só vão descobrir quando tiverem um acidente vascular cerebral em algum momento da vida. Dos 50 que sabem, só 25 conseguem controlar, inclusive, por falta de acesso a medicamentos. Só podemos mudar esse quadro com financiamento adequado, com a preparação dos profissionais de saúde e com o fortalecimento de uma Atenção Primária que possa responder a esse e outros problemas”, explicou.  

+ Leia também: Direito à saúde é uma questão política e não só técnica, afirmam líderes, de Clarissa Viana, do Cidacs/Fiocruz

Assista à sessão:

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