Pesquisar
Close this search box.

 NOTÍCIAS 

SITREAMIG conversou com palestrante sobre os efeitos ambientais de atividades minerais do Pará

Vilma Reis com informações do Sitraemig

Durante o 2º Simpósio Brasileiro de Saúde e Ambiente, o Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal no Estado de Minas Gerias – SITRAEMG conversou com Dulcidéia da Conceição Palheta, professora na Universidade Federal Rural da Amazônia/Pará, que foi uma dentre vários painelistas do evento. Dulcidéia é mestra em Toxicologia pela University of Surrey – UK e doutora em Ciências Biológicas pela UFPA/Pará e, ainda diretora adjunta de imprensa no Sintsep/PA (Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Estado do Pará). Sua apresentação abordou o tema: “Avaliação dos efeitos ambientais de atividades minerária e siderúrgica e sua influência na saúde de populações do entorno do Rio Parauapebas – Distrito industrial de Marabá/PA”.

Com muita tristeza no olhar e na fala, a professora falou sobre a infeliz realidade dos principais rios do estado que sofrem com as atividades de mineração que vem minando a saúde dos rios e dos peixes que neles vivem. Palheta explica que, no estado do Pará, os possíveis malefícios oriundos dessas atividades têm mobilizado a comunidade científica da região, que tem buscado estudar os efeitos nocivos de diferentes metais pesados aos quais certas populações estão expostas. E sua investigação consiste em saber se a mineradora no Estado, a “Vale”, instalada lá por cerca de 25 anos, está realmente contaminando os rios e peixes.

O estudo de Palheta analisa três rios; que levam os nomes dos próprios municípios, o Parauapebas, o Igarapé Gelado e o Itacaiúnas. Segundo a professora, no Município de Parauapebas, a implantação da Mina de Ferro Carajás é a clássica atividade humana capaz de gerar os impactos mais sérios sobre o meio ambiente, afetando a cobertura vegetal como à supressão completa da área a ser minerada.

Em Parauapebas, conta ela, existe a Área de Proteção Ambiental (APA) do Igarapé Gelado, localizada a 60 km de distância da cidade de Parauapebas, e, essa APA, segundo Palheta, “recebe efluentes minerais de uma barragem de rejeito de minério enriquecido e inerte na cabeceira do Igarapé, que tem ocasionado grande risco à sobrevivência das espécies de peixe locais, que estão gradativamente bioacumulando metais tóxicos, e que por sua vez pode representar um grande risco à saúde pública”. Os tipos de metais acumulados são o ferro, alumínio, manganês, cobre mercúrio, chumbo etc., contaminando assim, rios e peixes, além da população ribeirinha que da água utiliza. Palheta informa que, ao longo desse estudo, iniciado em 2009, muitas espécies de peixes, em 2013, já haviam desaparecidos dos rios, como, o “branquinha” e o “piau”, popularmente conhecidos na região.

Os seres humanos também sofrem os efeitos dessa contaminação. A professora explica que o alumínio, o manganês e o mercúrio são todos neurotóxicos e que podem causar no ser humano doenças neurodegenerativas como, o Parkinsonismo, por causa do manganês, o Alzheimer, por causa do alumínio, e a Demência, sendo esta uma das várias consequências por causa do mercúrio.

A situação piora ainda mais, segundo Palheta, em Canaã dos Carajás (Vila Bom Jesus) onde está localizada a Mina do Sossego, que fica a aproximadamente 100 metros da margem do Rio Parauapebas. Segundo a professora, além de uma barragem de contenção de rejeito de mina, a implantação da ferrovia ao longo do Rio Parauapebas, tem ocasionado um impacto sem precedentes em toda a história da Amazônia, pois além da liberação de resíduos de minério de cobre, a ferrovia de transporte em atual construção tem ocasionado, inclusive, o assoreamento de parte do Rio Parauapebas.

Palheta informou que, a segunda fase do estudo se consistirá nas ações colaborativas para a gestão de resíduos de mineradoras e siderurgias. A proposta é, no próximo passo, trabalhar junto com os setores públicos federal, estadual e municipal, e representantes da sociedade civil, como, associações de classe, sindicatos, comunidades etc..

O objetivo geral desta ação, segundo a professora, é desenvolver atividades de pesquisa e extensão, buscando contribuir para o desenvolvimento da gestão dos recursos hídricos e saúde ambiental no sudeste do Pará e avaliar os riscos à saúde pública baseada nos eixos do projeto “Avaliação dos efeitos ambientais de atividades minerária e siderúrgica e sua influência na saúde de populações do entorno Rio Parauapebas – Distrito Industrial de Marabá/PA”.

 

Associe-se à ABRASCO

Ser um associado (a) Abrasco, ou Abrasquiano(a), é apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, mas também compartilhar dos princípios da saúde como processo social, da participação como radicalização democrática e da ampliação dos direitos dos cidadãos. São esses princípios da Saúde Coletiva que também inspiram a Reforma Sanitária e o Sistema Único de Saúde, o SUS.

Pular para o conteúdo