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Tedros Adhanom aponta interesse da indústria alimentícia com a epidemia da obesidade

“Em nome do livre comércio, nós permitimos que as empresas [alimentares] envenenem as pessoas. Em nome do entretenimento, as crianças assistem televisão e não brincam mais fora de casa”, disse Tedros Adhanom, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), na abertura da conferência global em Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT)Montevideo Roadmap 2018-2030 on NCDs as a Sustainable Development Priority –  realizada em 18 de outubro, em Montevidéu, capital do Uruguai.

O encontro contou com a participação de diversos chefes de estado e de ministros da saúde de diversos países, liderados por Tabaré Vázquez, presidente uruguaio. “Os governantes precisam comprometer-se por inteiro com a redução do custo das DCNT – tanto humanos quanto econômicos, cada vez mais caros para serem ignorados”, disse o mandatário do país cisplatino.

Adhanom frisou que as empresas têm sido omissas com a influência de seus produtos e publicidades na vida das pessoas, especialmente das crianças. “Quando tomaremos posição e pressionaremos os fabricantes desses produtos?”, questionou. De acordo com o diretor-geral, não se deve “fechar os olhos” para “os fabricantes que veem as crianças dos países pobres como uma oportunidade de mercado”. “Temos que ganhar as batalhas nas cozinhas, nos restaurantes e nos supermercados. Temos que ter coragem de promover essas políticas”, completou o secretário-geral, como reportado em matéria divulgada no site de notícias G1.

No entanto, o documento final aprovado tem um tom um pouco mais conciliador, destacando em um de seus pontos o papel do “setor privado a produzir alimentos mais adequados a uma dieta saudável, reformulando produtos, principalmente os que causam maior impacto à saúde”. Clique e acesse o documento final (em inglês).

Nova assinatura: O etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus foi eleito diretor-geral da agência no início de maio, durante a realização da 70ª Assembleia Geral da OMS, realizada em Genebra, em maio. Ele sucedeu a chinesa Margareth Chan, que estava à frente da Organização desde 2007. Foi a primeira vez que houve uma disputa pública entre candidatos ao cargo. Anteriormente, ele ocupou os cargos de ministro das relações exteriores (2012-2016) e ministro da saúde (2005-2012) de seu país.

No início de outubro, Adhanom anunciou seu gabinete, que inclui ex-ministros da saúde e especialistas das áreas médicas e de políticas públicas de 14 países. “A equipe representa 14 países, incluindo todas as regiões da OMS, e é composta em mais de 60% por mulheres, refletindo a minha profunda convicção de que precisamos de talentos, igualdade de gênero e um conjunto geograficamente diversificado de perspectivas para cumprir nossa missão de manter o mundo seguro “, disse ele na cerimônia de posse, no dia 03.

Compõe a equipe a brasileira Mariângela Batista Galvão Simão, nomeada subdiretora geral de Acesso à Drogas, Vacinas e Produtos Farmacêuticos. Médica formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e mestra em saúde materno-infantil pela University Of London, Mariângela recentemente dirigiu a diretoria de apoio comunitário, justiça social e inclusão no Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) e coleciona passagens em cargos no Ministério da Saúde. A nova equipe motivou uma matéria positiva publicada pelo The Lancet, que destacou a “obsessão” do novo diretor por políticas de impacto. “A OMS está no seu melhor quando amplifica sua voz e alcance ao estabelecer iniciativas radicais e inovadoras lideradas por líderes técnicos ou políticos internacionalmente reconhecidos.” Clique aqui e leia a matéria na íntegra e confira o gabinete completo.

 

 

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