A Abrasco junta-se à indignação que tomou conta de professores, servidores e estudantes com a condução coercitiva, feita ontem, em Belo Horizonte, do reitor da Universidade Federal de Minas Gerais, Jaime Arturo Ramirez, e membros de sua equipe. A Abrasco questiona a Polícia Federal e repudia o desrespeito com que foram tratados o reitor e a vice-reitora, as ex-vice-reitoras e outros dirigentes e servidores da UFMG. Gritamos juntos “Jogaram a trajetória dessas pessoas na lama” e “Não queremos que Minas Gerais seja uma segunda Santa Catarina”, e engrossamos o coro daqueles que estiveram ontem na reitoria.
Levar coercitivamente uma pessoa que não se recusou a ajudar é um atentado aos direitos civis. Estamos vivendo sob constantes ataques à universidade e à academia e a Abrasco entende como provocação o nome escolhido para a operação: – Esperança Equilibrista, parte de uma das mais famosas músicas que berraram nos ouvidos da covarde ditadura “Asas! A esperança equilibrista, sabe que o show de todo artista tem que continuar”.
A professora Eli Iola Gurgel Andrade da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais e membro da Diretoria da Abrasco, representou a Abrasco na defesa da legalidade e relata como foram tratados os vários professores, gestores e servidores que acompanharam Jaime Ramirez atá o prédio da Polícia Federal: – “Ficamos estupefactos com a vagueza e generalidade de provas e gravidade das acusações. Pediu-se ao delegado um exemplo concreto de prova e ele referiu-se a um livro “fora do escopo” do projeto e falsificação de assinaturas de bolsistas. Nada foi mostrado. As investigações começaram com a CGU e não se sabe por que ela agora passa a atuar com a PF. Foi impressionante, ver os homens de terno titubear em vagas falas acusatórias”, diz Iola.
Em nota, ex-reitores e vice-reitores tornaram pública a indignação: – “Repudiamos o uso de medida coercitiva quando sequer foi feita uma intimação para depoimento, em claro descumprimento ao disposto nos artigos 201, 218 e 260 do Código de Processo Penal. Por condução coercitiva, entende-se, na interpretação do Desembargador Cândido Ribeiro, “um instrumento de restrição temporária da liberdade conferido à autoridade judicial para fazer comparecer aquele que injustificadamente desatendeu a intimação e cuja presença seja essencial para o curso da persecução penal, seja na fase do inquérito policial, seja na da ação penal.” Diante de tal definição, repudiamos inteiramente o uso da condução coercitiva e mais ainda a brutalidade e o desrespeito com que foram tratados o Reitor e a Vice-Reitora, as ex-Vice-Reitoras e outros dirigentes e servidores da UFMG, em atos totalmente ofensivos, gratuitos e desnecessários. A UFMG e seus dirigentes sempre se pautaram pelo respeito à lei e pelo cumprimento de decisões judiciais. Os fatos ocorridos atingem, portanto, esta grande e respeitável instituição: a Universidade Federal de Minas Gerais, um patrimônio de nosso Estado e do país”, diz a nota.
“A UFMG nunca se curvou e nunca se curvará ao arbítrio. Vamos resistir sempre”, afirmou o reitor Jaime Ramírez aos integrantes da comunidade universitária que se reuniram na tarde de ontem, em frente ao prédio da Reitoria, para manifestar apoio. Jaime agradeceu o apoio da comunidade universitária e de diversas entidades – como os sindicatos de servidores e diretórios estudantis – e anunciou reunião extraordinária do Conselho Universitário para a definição de ações em defesa da UFMG.