Na tarde de 19 de dezembrofaleceu, no Rio de Janeiro, a professora e pesquisadora Alba Maria Zaluar, aos 77 anos, em decorrência de câncer no pâncreas.
Com uma trajetória acadêmica de mais de 50 anos e profícua produção intelectual, Alba Zaluar tornou-se referência nacional e internacional nas áreas de Antropologia e Sociologia Urbana e História Social, contribuindo para uma melhor compreensão dos fenômenos da violência urbana no Brasil e para a produção de análises e políticas na área de Segurança Pública.
Formada em Ciências Sociais pela antiga Faculdade Nacional de Filosofia no início da década de 1960, retirou-se do país no início da Ditadura Civil-Militar de 1964, iniciando sua formação pós-graduada na Universidade de Manchester, na Inglaterra, tendo concluído o mestrado no Museu Nacional (MN/UFRJ) em 1974, e o doutorado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/USP), em 1984.
No doutorado, realizou a primeira pesquisa empírica sobre o cotidiano, as aspirações, os valores, as manifestações associativas e recreativas da comunidade Cidade de Deus, na zona oeste carioca.
Alba foi professora do Departamento de Antropologia da Unicamp e do Departamento de Políticas, Planejamento e Administração em Saúde do Instituto de Medicina Social da UERJ, além de professora visitante nas universidades de Stanford e Berkeley.
Da extensa produção bibliográfica, destacam-se a “A Máquina e a Revolta”, “Cidadãos não vão ao Paraíso”, “Condomínio do Diabo”, “Da Revolta ao Crime S.A.”, “Violência, Cultura e Poder” e “A Integração Perversa: pobreza e tráfico de drogas”, além de diversos artigos científicos e de opinião publicados em periódicos e na imprensa brasileira.
Para Maria Filomena Gregori, presidente da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), entidade a qual a intelectual era associada, Alba Zaluar foi uma dessas personalidades que jamais deixou de expressar o que pensava, de interpelar as noções arraigadas e de senso comum e de se comprometer com temas relevantes na história do país. Em matéria publicada no jornal Folha de S. Paulo, expressaram-se também o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, políticos e outros acadêmicos e, por meio desta memória, a Abrasco registra essa importante trajetória e agradece à contribuição de Alba Zaluar ao pensamento social brasileiro.