O 9º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde só começa, oficialmente, na noite de terça-feira (31/10) – no entanto, o campus da UFPE já recebe desde a segunda mais de 650 pessoas, participantes de cursos, oficinas e reuniões que compõem a programação do pré-congresso. São mais de 50 atividades que ocorrem nestes dias que antecedem a cerimônia de abertura do evento, abarcando aspectos diversos de produção de conhecimento e práticas da Saúde Coletiva.
É um momento de troca de experiências , desenvolvimento acadêmico e profissional. É o que compartilhou Juliana Lofego, professora de jornalismo na Universidade Federal do Acre, que propôs e coordenou a oficina “Emancipação e integralidade do cuidado pelas lentes do cinema indígena”, durante o primeiro dia de pré-congresso. A atividade consistiu em uma mostra de filmes que abordam a saúde indígena, seguido de debates.
“Foi uma discussão muito rica, que destacou a potência do audiovisual indígena, tanto no fazer cinema – nas produções autorais – quanto no ver cinema. Tinham muitas pessoas com experiência em saúde indígena, e a gente pode entender a importância de levar esses trabalhos para a sociedade em geral, e para os próprios espaços indígenas, como uma oportunidade de reflexão sobre a saúde indígena, com os olhares diferenciados de cada povo”, contou a pesquisadora.
Um dos filmes exibidos foi o documentário “Xawara e saúde” (2023): xawara é como os Yanomami chamam as epidemias. Daniela Muzi, coordenadora da VideoSaúde/Fiocruz, e diretora do curta, contou que a oficina foi um momento para pensar as práticas de comunicação e saúde nos seus desdobramentos, assim como as dimensões do direito à comunicação e acesso à informação em saúde. “Foi um espaço de entender as possibilidades do audiovisual como estratégia de comunicação, de emancipação, de luta e de visibilidade para a questão da saúde indígena, que precisa ser uma pauta permanente da sociedade”, pontuou.
O coordenador do Fórum de Coordenadores de Programas de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Abrasco, Marcelo Castellano, foi um dos professores do curso “Contribuições dos estudos culturais para a Saúde Coletiva: cultura como verbo, idenficação como poder e contigênia como princípio”. A atividade discutiu a cultura como um conjunto de práticas associadas às relações de poder, associando às experiências formativas em Saúde Coletiva.
“Dialogamos sobre formas mais emancipadoras de pensar a relação entre formação, diferença e identidade. Destacou-se a proposta da pedagogia contemplativa, que foca na experiência dos estudantes como base de aprendizagem, e insere práticas como meditação e yoga no ensino superior – não como uma oferta complementar, mas como um eixo orientador que produz uma outra relação e abre oportunidade para colocar a experiência em primeira pessoa no foco da formação”, contou Castellanos.
Na terça-feira, além da continuidade de cursos e oficinas, há momentos de organização de algumas das instâncias internas da Abrasco. A Comissão de Ciências Sociais e Humanas em Saúde, assim como os GTs Saúde Bucal Coletiva; Envelhecimento e Saúde Coletiva; Educação Popular e Saúde; e Racismo e Saúde aproveitam o encontro para reunir seus integrantes, planejar e articular suas ações. O Fórum de Coordenadores de Graduação em Saúde Coletiva também organiza uma atividade, e a Rede de Pesquisa em Atenção Primária em Saúde (Rede APS) da Abrasco promoverá uma reunião ampliada.
A cerimônia de abertura acontecerá às 17h, na Concha Acústica Paulo Freire, e será transmitida pela TV Abrasco.