Em nome do Movimento pela Equidade Sustentável em Saúde (SHEM), a Federação Mundial das Associações em Saúde Pública (WFPHA) enviou uma carta ao Conselho Executivo da Organização Mundial da Saúde (OMS), afirmando que “a pandemia continua fora de controle”, e que é preciso avançar em medidas globais de saúde para conter a crise sanitária. Na carta enviada em 24 de janeiro, a WFPHA pontuou que é necessário garantir a distribuição equitativa de vacinas, a consolidação de uma vigilância global em saúde, e a ação direta sobre a crise climática e os determinantes socioambientais da saúde.
Para uma ampla cobertura vacinal, o documento sugere que a OMS determine que seus Estados Membros implementem medidas como quebra de patentes e compartilhamento de conhecimento e transferência de tecnologia, possibilitando a ampliação da produção e distribuição dos insumos, sem custo para o consumidor final – outros países e nações. As organizações também avaliam que a Assembleia Mundial em Saúde (AMS) deve desenvolver um novo Tratado Pandêmico, a fim de fortalecer os sistemas nacionais de saúde , sobretudo nos países de baixa e média renda.
Por fim, a carta propõe o reconhecimento da Covid-19 como uma sindemia: a doença é agravada por outras doenças transmíssiveis e não transmissíveis, e é também consequência e combustível de macroprocessos políticos, econômicos e ambientais, que, em conjunto, provocam as mudanças que favorecem o surgimento de zoonoses, além de gerar as iniquidades sociais entre e dentro dos países. “A construção de um ‘novo normal’, melhor e mais justo do que aquele que nos trouxe até aqui, requer o enfrentamento de todas as dimensões dessa complexa realidade, onde a ordem econômica global injusta deve ser enfrentada e o direito ao desenvolvimento pode ser alcançado por todas as nações”, escreveram.
O SHEM é uma organização da sociedade civil que reúne 150 instituições nas áreas da ciência, saúde pública, medicina, enfermagem e outras entidades da sociedade civil de todo o mundo – incluindo a Abrasco – representando, no seu conjunto, mais de 500 instituições e cerca de 20 milhões de profissionais e ativistas. O SHEM propõe, ainda, a realização de uma Reunião de Alto Nível sobre “Determinação complexa e uma resposta integral e colaborativa à sindemia COVID-19”, durante a 77ª AGNU, em setembro de 2022.