O reconhecimento das mudanças do conceito de “gênero” na sociedade e o impacto disso na saúde foi assunto central do curso “Gênero e saúde: aspecto sócio históricos, políticos e epidemiológicos”, ministrado pelas professoras Daniela Riva Knauth (UFRGS), Cristiane da Silva Cabral (USP), Estela Maria Motta Lima (ISC/UFBA) e Simone Souza Monteiro (IOC/Fiocruz) no pré-congresso do 12º Congresso de Saúde Coletiva, realizado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
A discussão da questão de gênero e os estudos em Saúde Pública, nos últimos anos, vêm ganhando cada vez mais importância na sociedade. Para a coordenadora do Grupo Temático Gênero e Saúde (GTGen/Abrasco) e professora do Departamento de Medicina Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (DMS/UFRGS), Daniela Knauth, isso fica mais claro analisando dados de mortalidade, nos quais pode-se perceber que homens apresentam mortes distintas das mulheres devido a serem mais estimulados a comportamentos que podem produzir consequências em termos de saúde. “Não tem como avaliar os dados da saúde sem primeiro olhar os aspectos sociais e históricos de gênero”, afirmou.
Atualmente, sabe-se que há diferenças nos tipos de doenças e vulnerabilidade entre gêneros. O homem vive em média sete anos a menos do que as mulheres. Segundo dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, os homens, na faixa de 20 a 59 anos, morrem mais por causas externas, como acidentes de trânsito e lesões por violência.
Segundo Knauth, a perspectiva da vida sexual das mulheres pela sociedade ainda é estereotipada e isso é prejudicial a saúde. “A sexualidade feminina é muito tratada pela ideia da reprodução, menosprezando a vida sexual ativa, que acaba resultando em diagnosticação tardia de doenças sexualmente transmissíveis, como a AIDS”, concluiu a coordenadora.
José Atalide Soares é estudante da Uerj e participou do projeto de cobertura colaborativa para o Abrascão 2018, sob a supervisão de Vilma Reis, Bruno C. Dias e Hara Flaeschen