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Abrasco analisa enfrentamento da pandemia da Covid-19 no país

Thereza Reis

Protesto no Amazonas. Foto: Paulo Desana/Dabakuri/Amazônia Real

Dois dos principais jornais do país, Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo, divulgaram matérias no fim de semana sobre a situação do enfrentamento da pandemia da Covid-19 no Brasil. A Abrasco foi fonte de ambas as reportagens, que demonstram que há atrasos, promessas não cumpridas, falta de política integrada e instabilidade na gestão. Já são mais de meio milhão de casos no país, com mais de 30 mil mortos.

Para Gulnar Azevedo, professora do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/UERJ), não há um plano articulado de enfrentamento da pandemia. “Vale a pena chamar atenção que continua a inexistência de um plano de enfrentamento nacional, articulado com estados e municípios. A gente assistiu a um entra e sai de ministros”, disse a presidente da Abrasco à Folha.

De abril até hoje, houve duas trocas de ministros. Os médicos Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich saíram por discordâncias com o presidente Jair Bolsonaro. As divergências foram principalmente na necessidade de medidas de isolamento social, defendidas pelos ex-ministros, porém rechaçadas por Bolsonaro, e no uso do medicamento cloroquina, amplamente defendido pelo presidente, mas sem evidências científicas na eficácia para o tratamento de pacientes com Covid-19.  Atualmente, o comando do ministério está nas mãos de um general, Eduardo Pazuello, que assumiu a função interinamente desde 15 de maio. Sem experiência na área da Saúde, Pazuello nomeou diversos militares para cargos importantes no Ministério.

Ao Estado, Gulnar Azevedo também demonstrou preocupação com a falta de planejamento integrado e coordenado entre o governo federal, os estados e os municípios e, ainda, com as medidas que não saíram do papel, como instalação de leitos de UTI, compra de respiradores e de testes e a contratação de médicos, por exemplo. “A situação é grave. Não dá para esperar o que já deveria ter acontecido. O SUS tem capacidade para contratar profissionais e organizar leitos privados. Além da inexistência de um plano integrado, há uma lentidão em colocar em prática as ações”, disse a professora. “Não adianta receber o respirador em outubro, os leitos para daqui dois meses. Precisamos para hoje, mas não estamos conseguindo responder”, afirmou a presidente da Abrasco.

A matéria do Estado mostra ainda que o ritmo é lento na aprovação das Medidas Provisórias (MP) editadas pelo governo durante a pandemia. Bolsonaro, sem base consolidada no congresso, mantém a tendência de governar por meio das MPs. Participaram ainda das matérias Alberto Beltrame, secretário de Saúde do Pará e presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass),  Wilames Bezerra, presidente do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), e Rodrigo Maia, presidente do Câmara dos Deputados.

Confira as matérias da Folha de São Paulo e do Estado de São Paulo.

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