A volta das atividades escolares tem sido sinalizada em alguns estados do Brasil, despertando a preocupação de educadores, estudantes e familiares. Até o momento, apesar de muitas cidades e estados apontarem a volta, somente a cidade de Manaus efetivou o retorno. A questão tem repercutido no debate público e tomado grande espaço dos veículos de mídia. Por conta disso, a Abrasco tem buscado ampliar os espaço de conversa sobre a questão num diálogo direto com educadores e a comunidade educacional, como constata o vice-presidente da entidade, Guilherme Werneck no colóquio da Ágora Abrasco sobre o tema: “Quando vimos que seria importante elaborarmos alguma coisa sobre o tema para a sociedade, a primeira questão que surgiu foi: precisamos entender mais sobre a escola e sobre o que pensam os colegas educadores nesse momento”. Essa reflexão tem feito a Abrasco promover debates sobre o tema e a Frente pela Vida busca inserir um ponto específico sobre a questão no Plano de Enfrentamento à Pandemia.
Retorno somente com vacina?
Em matéria publicada no site da revista Época, um dos debates colocados e que traz em si a preocupação de muitas pessoas da comunidade escolar é que o retorno só seria segura mediante a a vacinação da população. A abrasquiana Lígia Bahia (UFRJ), refuta a ideia: “A ideia de que o retorno será possível apenas depois da vacina é inviável, já que a previsão de imunização é incerta”.
Em outra reportagem do Tudo Rondônia, Guilherme Werneck comentou os recursos liberados pelo Ministério da Saúde aos municípios na ordem de R$ 454 milhões para combater a pandemia. Segundo Guilherme: “Esses são recursos importantes e vão ajudar as escolas a se organizarem nos municípios, mas obviamente é muito mais complexo e que vai envolver, principalmente, o controle da infecção naquela comunidade. E é importante salientar, é uma boa iniciativa mas não resolve o problema apenas cria condições para quando as escolas e os municípios retornarem”.
“Currículo é a pandemia, é a vida”
No colóquio promovido pela Abrasco, uma questão foi unânime entre os educadores que participaram: o retorno às aulas deve ter como preocupação central a escola como espaço social e de produção da vida. Maria Thereza Marcílio, presidente do Avante – Mobilização pela Educação – apontou de forma contundente: “Currículo a essa altura é a pandemia, é a vida, o que está acontecendo agora. É hora de derrubar os muros e enxergar a vida”. A fala foi reforçada por André Lazaro, pesquisador da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO): “”Não compartilho da ideia de que a perda de aprendizagem deve ser o primeiro tema a ser tratado. Pois estamos aprendendo muitas coisas nesse tempo de pandemia”.
Na sua fala como debatedor da sessão, Werneck destacou o papel da saúde nesse contexto: “A saúde não tem resposta para esse problema no que diz respeito a diversos aspectos. Por isso estamos fazendo essas atividades para ouvir pessoas que estão no campo da educação”.