É um aviso, trágico como foi a morte do reitor Cancellier. A ruína do Museu Nacional nos adverte de que o caminho que o país está trilhando, com os discursos de condenação de tudo o que é público e estatal, pode nos levar a um desastre científico e cultural inimaginável. Ao lado do Jardim Botânico do Rio de janeiro, o Museu Nacional é a instituição fundadora das atividades de ciência e cultura no Brasil. É inadmissível que o destino deste último seja esse que o país assistiu ontem.
As políticas de reestruturação e “enxugamento” do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES e da Petrobrás, entes estatais que historicamente participam ativamente do fomento às culturas científica, artística e esportiva no Brasil reforçará o desastre. A orientação ultraliberal como a do atual governo certamente não é a única responsável pela tragédia, mas é certo que, se mantida, propiciará novos desastres desse tipo.
Por isso reiteramos: nas próximas eleições tomemos o holocausto do Museu Nacional como um norte. Uma presença forte do Estado nessas políticas, ao largo dos contingenciamentos, congelamentos e cortes é absolutamente necessária para que a história sobreviva em nosso país.
A Associação Brasileira de Saúde Coletiva, consternada, se solidariza com todos os trabalhadores e dirigentes do Museu Nacional, ao tempo em que se coloca à disposição dos mesmos para tudo o que for necessário para a tarefa de sua indispensável reconstrução.