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Ágora Abrasco chega a 100 edições em sessão histórica

Realizada em 7 de abril, Dia Mundial da Saúde, a Ágora Abrasco Edição Especial de 1 ano e 100 edições reuniu integrantes da diretoria para compor uma análise da situação de saúde do país, num exercício de pensamento conjunto denso e complexo que analisou o cenário sob a luz da ciência e da leitura crítica da realidade, sem deixar de apontar alternativas e percepções políticas, marca da nossa Associação.

A coordenação do painel foi de Gulnar Azevedo, que iniciou a atividade destacando o papel que a Abrasco tem desempenhado e responsabilizando quem tem deixado em falta com seus deveres constitucionais. “Neste 1 ano de Ágora Abrasco fizemos nossa parte em promover debates e construir orientações. Quem tem estado em falta é o atual governo, que nacional e internacionalmente tem sido chamado de genocida”, qualificou a presidente.

Na sequência, Guilherme Werneck, vice-presidente da Abrasco, docente do IMS/Uerj e IESC/UFRJ, destrinchou o perfil epidemiológico da pandemia, enfatizando que, diante da desorganização da resposta brasileira, ao invés de termos conseguido atual por fases, estamos lidando com um quadro agudo que se cronifica.

Conselheira da Abrasco e docente titular doPPGS/UEFS, Edna Araújo articulou como o racismo estrutural se perpetua em emergências sanitárias como a atual. Foram inúmeras as cartas enviadas pela Abrasco e demais organizações do movimento negro, em abril e maio de 2020, solicitando ao Ministério da Saúde o acompanhamento e a divulgação das internações dos óbitos por covid em dados desagregados por raça, cor e etnia.

Reinaldo Guimarães, vice-presidente e pesquisador do Nubea/UFRJ, relacionou a sobredeterminação entre política e ciência e a dificuldade das ações das comunidades científicas diante da complexidade da pandemia. “Foi uma sucessão de demandas, e se tivéssemos a capacidade de compreendê-las desde o início teríamos dado uma melhor resposta”, analisou ele, dedicando tempo à leitura das inflexões da economia política no direito à saúde e às vacinas.

Alternativas passam pela economia e ciência: “Trago uma denúncia e um alerta”. Assim iniciou Eli Iola Gurgel, integrante do Conselho Deliberativo e docente pelo PPGS/UFMG, explicitando a retenção de até 70% dos créditos do Ministério da Saúde para estados e municípios no orçamento de 2020 e o fato de termos entrado em 2021 sem um orçamento nacional aprovado, mas com indicação de aumento total e redução dos orçamentos fiscal e da seguridade social.

Coube ao vice-presidente Naomar de Almeida Filho, atual titular da Cátedra de Educação Básica do IEA/USP, o encerramento da sessão. Ele refletiu sobre a articulação entre sobre determinação e as formas de expressão e de reposta, destrinchando assim escolhas políticas e visões de ciência adotadas por diferentes nações. “Precisamos de um pensamento mais geral, olhar além da vigilância e pensar na inteligência epidemiológica junto com as tecnologias sociais”, trouxe ele, numa sessão histórica. Assista abaixo:  

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