Atualizada em 23/01/2018
A interpelação judicial impetrada pela Federação da Agricultura do Estado do Ceará (FAEC) a Fernando Ferreira Carneiro, pesquisador da unidade técnica Ceará da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz/CE) e membro do Grupo Temático de Saúde e Ambiente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (GTSA/Abrasco), continua a movimentar os debates em torno da liberdade científica, do papel social da ciência e da criminalização do fazer científico e dos movimentos sociais.
Após posicionamento público da Abrasco, diversos veículos nacionais e regionais, como Radis, Folha de S. Paulo e CBN-Fortaleza fizeram matérias abordando direta ou indiretamente o caso. No início dessa semana (15), o jornal impresso e eletrônico O Povo, editado também na capital cearense, cedeu espaço a Jeovah Meireles, professor do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), que redigiu o artigo “Afasta de mim esse cálice”.
No texto, ele relaciona o poder de envenenamento dos agrotóxicos e os transtornos à saúde e à biodiversidade causados por qualquer tipo de uso dos químicos, questionando a deliberação da FAEC em “proibir” e questionar o uso da palavra “veneno” por Carneiro, ao invés do anódino e errôneo “defensivos agrícolas”, expressão “exigida” pela Federação. “Ora, até uma criança já alfabetizada sabe que a imagem da caveira é símbolo de veneno, associação direta às mortes que vêm sendo provocadas pelo uso desenfreado dos químicos. Aliás, o princípio da transparência da informação, garantido pela exigência técnica e legal do uso de imagens de alertas em embalagens e rótulos, também vem sendo atacado por setores e entidades ligadas ao agronegócio”, explicou Meirelles.
Ao final, o pesquisador convida todos a não se calarem frente aos desmandos do poder. “As pesquisas que tratam de revelar os malefícios dos agrotóxicos e das sementes transgênicas, o direito à alimentação adequada e segura, em tempos de proliferação de inúmeros casos de censura e intimidação – “tanta mentira, tanta força bruta” –, estão sendo submetidas a tentativas perversas de “tragar a dor, engolir a labuta” dos pesquisadores. Exigimos “outra realidade menos morta” – Não ao cálice contaminado!”, encerra. Leia aqui o artigo na íntegra.
Outras entidades e instituições também emitiram notas públicas em apoio a Carneiro. Clique diretamente nos títulos e confira:
CEBES manifesta apoio ao professor Fernando Ferreira Carneiro
Nota de repúdio da ASFOC-SN à perseguição da Faec contra pesquisador da Fiocruz
Apoio da Escola Politécnica em saúde Joaquim Venancio (EPSJV/Fiocruz) em apoio a Fernando Carneiro