A Abrasco, a ABA, a ANPOCS, a SBPC e a SBS vêm a público manifestar sua imensa preocupação com mais um ataque aos territórios indígenas. Dessa vez, os criminosos agiram na aldeia Kaarimá, rio Iriri, na região sudeste do estado do Pará, cerca de 400 km de Altamira. O povo Xipaya foi surpreendido no dia 14 de abril, no final da tarde, com a invasão de garimpeiros armados e pesado maquinário nas proximidades da aldeia Kaarimá.
Este fato gravíssimo, deve-se ressaltar, deu-se em uma véspera de feriado prolongado, com uma consequente perspectiva de diminuição de vigilância e controles locais.
O ataque também ocorre ao final da maior mobilização indígena em Brasília, o ATL-2022, na sua 18ª edição e após a publicação do Relatório da Associação Indígena Hutukara, Yanomami sob Ataque, com denúncias das ações ilegais, destruição ambiental, abuso e a violência contra as mulheres e adolescentes Yanomami, assediadas e violentadas por integrante do garimpo pela troca de alimentos por sexo com os garimpeiros. Este relatório repercutiu fortemente na imprensa, gerando inconformidade aos apoiadores desta presença ilegal e violenta em territórios indígenas.
Ao longo destes anos vários relatórios denunciaram aumento das invasões e de diversas formas de violência nas terras Yanomami, Mundukuru, entre outras. As ações até agora realizadas pelo estado brasileiro têm sido flagrantemente insuficientes para proteger as terras e os povos indígenas.
Apoiamos e nos solidarizamos com a APIB -Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – , e seus aliados, em particular a Frente Parlamentar Indígena, coordenada pela deputada federal Joênia Wapixana. A ABA (Associação Brasileira de Antropologia), a ANPOCS (Associação Nacional de Ciências Sociais), a ABRASCO (Associação Brasileira de Saúde Coletiva ), a SBPC (Sociedade Brasileira para Progresso da Ciência) e a SBS (Sociedade Brasileira de Sociologia) se somam a estas manifestações e solicitam proteção imediata ao povo Xipaya, com a interrupção efetiva desses ataques e a expulsão dos garimpeiros que ocupam as terras indígenas. Clamamos às autoridades jurídicas e governamentais que tomem medidas de urgência para impedir a permanência do garimpo e a continuação dos ataque cruéis, violentos e desumanos aos povos indígenas e particularmente, neste contexto de violência, ao povo Xipaya.
Rio de Janeiro, 15 de abril de 2022
ABRASCO – Associação Brasileira de Saúde Coletiva
ABA – Associação Brasileira de Antropologia
SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
ANPOCS – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais
SBS – Sociedade Brasileira de Sociologia