Montagem das sessões de comunicação, definição dos últimos nomes para compor a programação científica e os pontos centrais para a construção da Carta Política estiveram na pauta do último encontro da Comissão Científica do 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva – Abrascão 2018, que se reuniu nesta segunda e terça-feiras (05 e 06 de junho), no Rio de Janeiro. O Congresso acontece de 26 a 29 de julho no campus Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), também na capital carioca.
Na abertura dos trabalhos, o presidente Gastão Wagner destacou o caráter híbrido da Abrasco como sua principal qualidade e motivo de sua força no cenário político brasileiro. “A Abrasco tende a refletir a produção científica da área e a expressão dos movimentos sociais, especialmente dos ligados aos trabalhadores da saúde, intelectuais e formuladores do SUS. Nosso Congresso tem essa característica, pois envolve ciência e espírito democrático, coisas que impactam rumos e escolhas. Essa tensão aumentou nessa edição, pois estamos num contexto político grave, de enfrentamento institucional. Então, o Congresso trará vivo esse burburinho, tanto na programação científica como nos momentos de manifestação política”.
Na sequência, foram saudados o compromisso e o envolvimento de cerca dos mil avaliadores responsáveis pela criteriosa seleção, garantia da qualidade científica e da promoção da interdisciplinaridade que marcam o campo disciplinar da Saúde Coletiva. Foram apresentados os critérios de ocupação dos 23 espaços espalhados no campus Manguinhos dedicados à programação cientifica e repassadas também as confirmações dos convidados das atividades centrais. A Conferência de Abertura será proferida por Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile e recém-empossada como Presidente da Aliança pela Saúde da Mãe, do Recém-Nascido e da Criança, coalização liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), na manhã do dia 26. Já os Grandes Debates irão contar com Jessé Souza, sociólogo e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), e Ary Miranda (CESTEH/ENSP/Fiocruz) (dia 26); Beatriz Gonzáles Lopes-Valcarcel, presidente da Sociedad Española de Salud Pública y Administración Sanitaria (SESPAS) e professora catedrática da Universidad de Las Palmas de Gran Canaria, e Gastão Wagner (FCM/Unicamp) (dia 27); Cesar Victora (UFPel), Naomar de Almeida Filho e Nísia Trindade (Fiocruz) (dia 28), e da sessão especial com Sir Michael Marmot (dia 28). A maior parte da programação já está confirmada – confira aqui.
Junto à programação científica, demais atividades e manifestações políticas e culturais acontecerão em outros espaços montados no campus, como a tenda Paulo Freire e a Tenda do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Esses espaços promoverão atividades como tribuna livre, debate sobre eleições, rodas de conversa, sessões de práticas integrativas complementares e outras oportunidades de troca e encontros. As programações completas serão posteriormente divulgadas.
À tarde, abrasquianas e abrasquianos presentes definiram as homenagens póstumas que batizam as grandes tendas – Marielle Franco; Nina Pereira Nunes, Victor Valla, Cecília Donnagelo e David Capistrano, além de debaterem as homenageadas e homenageados em vida.
Foram debatidas também a construção do ato político, que será realizado no encerramento do pré-congresso, no dia 25, na Concha Acústica Marielle Franco, e da Carta Política. O documento já está em elaboração e trará contribuições dos documentos produzidos pelos eventos preparatórios e do grupos temáticos da Abrasco. Gastão Wagner destacou que a Carta deve “gritar” que o SUS é necessário e viável. “Temos de reforçar o SUS que existe e apontar as soluções para esse SUS ficar de pé. Queremos uma Carta que não seja somente um rol de denúncias, mas que reforce o SUS fruto dos movimentos sociais”, completou ele.
Gulnar Azevedo, diretora do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/Uerj), ressaltou a importância do documento ser construído durante o evento, o que o fortalece e amplia os canais de diálogo da Associação, tanto com a sociedade em geral como as candidaturas postas neste 2018. “Cabe à Abrasco ser esse canal de produção de um novo SUS, que parte do reconhecimento dos erros, mas também da valorização dos acertos. É nosso trabalho comunicar melhor o que o SUS faz e valorizar o SUS potente e capaz”.