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GT Saúde Mental

O campo da saúde mental vem enfrentando uma variedade de desafios; entre eles, a necessidade de integração e operacionalização dos novos serviços substituindo o modelo assistencial tradicional, e de uma interação entre a prática e as áreas de conhecimento que compõem o sistema de saúde como um todo.

No âmbito científico o campo da saúde mental é tradicionalmente fragmentado e socialmente representado por especialidades clássicas como Psiquiatria, Psicologia, Enfermagem Psiquiátrica, Terapia Ocupacional e Serviço Social. Novos atores sócio-profissionais estão presentes neste campo, entre eles a Educação Física, a Pedagogia, as Artes Plásticas e a Fisioterapia, além de outros setores, como sistemas de Educação, de Cultura e de Justiça. São ainda atores sociais importantes na área da saúde mental os movimentos sociais como o Movimento da Reforma Psiquiátrica e o Movimento da Luta Antimanicomial e os movimentos artísticos.

Estes desafios têm sido amplamente reconhecidos no contexto dos vários dispositivos de desenvolvimento do campo da Saúde Mental.

Neste contexto, a realização dos Congressos Brasileiros de Saúde Mental são iniciativas amadurecidas e plenamente legitimadas. Estes eventos promovem, historicamente, as aproximações necessárias dos diversos atores sociais, usuários, familiares, profissionais, acadêmicos e artísticos que fazem deste campo de práticas e saberes um dos mais vibrantes no âmbito do Sistema Único de Saúde. Desta forma a realização dos congressos brasileiros de saúde mental atendeu a uma necessidade na perspectiva da consolidação de um sistema de saúde que tem como princípios a integralidade, a universalidade de acesso e a descentralização.

Outro importante evento que pauta atualmente o campo da Saúde Mental é a IV Conferência Nacional de Saúde Mental – Intersetorial, realizada pelo Ministério da Saúde e pelo Conselho Nacional de Saúde em 2011. Como envolver os outros setores na solução dos problemas da Saúde Mental? Como ampliar a rede de serviços e a oferta de tratamento? Quais as melhores estratégias para tratar os problemas com o uso de álcool e outras drogas no Sistema Único de Saúde? Qual a melhor abordagem para cuidar do usuário de crack?

Todas essas perguntas foram assunto de discussão na IV CNSM-I, que reuniu cerca de 1.600 pessoas, entre gestores e prestadores de serviços dos 26 estados e Distrito Federal, profissionais da área e usuários.

Pela primeira vez, uma Conferência de Saúde Mental trouxe uma abordagem intersetorial, com a presença de parceiros da Secretaria Especial de Direitos Humanos, do Ministério do Desenvolvimento Social e de Combate à Fome, do Ministério da Cultura, do Trabalho e Emprego, da Educação, da Justiça e outros. A intenção foi chamar para todos os atores sociais a responsabilidade sobre questões que envolvam a Saúde Mental para que cada um contribua com a parte que lhe couber. O coordenador do GT de Saúde Mental da ABRASCO, Paulo Amarante, fez parte da Comissão Organizadora Nacional.

A Conferência teve como tema “Saúde Mental – direito e compromisso de todos: consolidar avanços e enfrentar desafios”, com três eixos estratégicos: Saúde Mental e Políticas de Estado; Consolidar a Rede de Atenção Psicossocial e fortalecer os movimentos sociais; e Direitos Humanos e Cidadania como desafio ético e intersetorial.

Para discutir as questões e elaborar propostas encaminhadas à Etapa Nacional, os municípios realizaram as etapas municipais e/ou regionais e os estados promoveram as etapas estaduais.

Panorama da Saúde Mental no Brasil – Hoje a rede SUS conta com diversos dispositivos para atender o paciente com transtorno mental. Estão distribuídos em todos os estados brasileiros CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPS ad e CAPS i. Além dos CAPS, a Atenção Básica, com apoio dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), também oferece atenção às pessoas com transtornos mentais. A rede de atenção à saúde mental é diversificada, e também envolve os hospitais gerais, os Centros de Convivência e as ações de geração de trabalho e renda. Pessoas egressas de longas internações em hospitais psiquiátricos recebem o auxílio reabilitação psicossocial e podem ser acolhidas e morar em Residências Terapêuticas, onde este serviço está disponível.

A partir das diretrizes da Reforma Psiquiátrica e desde o marco legal da Lei nº 10.216/2001, a Área Técnica de Saúde Mental da Secretaria de Atenção à Saúde trabalha pela mudança do modelo de atenção, que antes era centrado na internação em hospital psiquiátrico. Atualmente, a maioria dos recursos do Programa são investidos na atenção extra-hospitalar. Neste modelo, os pacientes podem ser tratados em serviços abertos, com a garantia do direito à liberdade e à participação de ações na comunidade.

Quem são os usuários da rede – Estima-se que cerca de 3% da população geral, em todas as faixas etárias, necessite de cuidados contínuos em saúde mental, em função de transtornos mentais severos e persistentes: psicoses, neuroses graves, transtornos de humor graves ou deficiência mental com grave dificuldade de adaptação.

Cerca de 9% da população geral, em todas as faixas etárias, necessita de cuidados gerais em saúde mental, na forma de consulta médico-psicológica, aconselhamento, grupos de orientação, ou outras formas de abordagem, em função de transtornos mentais considerados leves.

Transtornos graves associados ao consumo de álcool e outras drogas (exceto tabaco) atingem pelo menos 10% da população acima de 12 anos, sendo o impacto do álcool dez vezes maior que o do conjunto das drogas ilícitas.

Em breve.

Coordenação:

Mônica de Oliveira Nunes (UFBA)
 

Membros:

Claudia Maria Filgueiras Penido (UFMG)
Deivisson Vianna Dantas dos Santos (UFPR)
Fellipe Miranda Leal (UNILUS)
Helena Moraes Cortes (UFRB)
Rosana Teresa Onocko Campos (Unicamp)
Rossano Cabral Lima (UERJ)
Simone Manieri Paulon (UFRGS)
Tânia Maria de Araújo (UEFS)

Em breve.

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