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Dia Mundial do Meio Ambiente: justiça climática como caminho para a saúde, a equidade e a sustentabilidade

Letícia Maçulo
Foto: Kelly Sikkema/Unsplash

Neste 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) reafirma seu compromisso com a defesa da vida e do meio ambiente a partir da lente da justiça climática. A crise ambiental que enfrentamos é inseparável da história de desigualdades sociais e raciais que marcam o Brasil e o mundo, exigindo um enfrentamento que una ciência, políticas públicas e mobilização social.

Como destaca o sanitarista Carlos Machado, membro do Conselho Deliberativo da Abrasco, Pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz) e membro da Comissão Científica do 14º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (Abrascão), a justiça climática é mais do que uma pauta ambiental, é uma questão de equidade social e de defesa da vida. “Os mais ricos, sejam países ou classes sociais, são os maiores responsáveis pelas emissões que contribuem para a crise climática e os eventos extremos, mas são os mais pobres e mais vulneráveis, as populações negras, quilombolas, indígenas, ribeirinhas e das periferias, que sofrem de modo mais intenso e prolongado os seus impactos”, afirma.

O conceito de justiça climática articula a necessidade de reparação histórica, desde os impactos do colonialismo e da escravidão, com ações concretas no presente para mitigar os danos ambientais e garantir direitos. Como aponta Carlos Machado, a emergência climática do século XXI é resultado direto de um modelo de desenvolvimento baseado na degradação ambiental e nas injustiças sociais estruturais. Superar essa crise implica enfrentar essas raízes.

Nesse cenário, o especialista destaca três grandes desafios para avançar em direção à justiça climática:

  1. Transição justa com redução das desigualdades: as medidas de mitigação e adaptação climática devem estar articuladas à redução das desigualdades sociais e à promoção da saúde e da sustentabilidade ambiental.
  2. Centralidade das vozes dos mais afetados: os saberes e experiências das populações vulnerabilizadas precisam estar presentes em todas as esferas de decisão — dos acordos internacionais às políticas públicas locais.
  3. Fortalecimento da democracia e da governança climática: a crise climática exige ação coordenada entre diferentes níveis de governo e participação ativa da sociedade. É essencial combater o negacionismo climático e defender a ciência e os direitos sociais.

A defesa do meio ambiente passa pela defesa da justiça climática. E a saúde coletiva tem um papel central nesse processo, articulando saberes, evidências e práticas para a construção de um futuro mais justo, democrático e sustentável.

Justiça Climática é tema do 14º Abrascão

O debate sobre Justiça climática será um dos eixos centrais do 14º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva – 14º Abrascão, que acontece de 28 de novembro a 3 de dezembro, no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB) , em Brasília (DF). Com o tema “Democracia, equidade e justiça climática: a saúde e o enfrentamento dos desafios do século XXI”, o congresso reunirá pesquisadores, profissionais e movimentos sociais para debater caminhos para um futuro mais justo e sustentável.

As inscrições estão abertas e a submissão de resumos vai até 9 de junho.

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