Assim como a Abrasco reúne estudantes, pesquisadores e trabalhadores da Saúde Coletiva brasileira, em outros países as pessoas também se organizam em associações científicas. Essas entidades, por sua vez, se articulam regional – como a Aliança das Associações de Saúde Pública das Américas (AASPA) – e globalmente – em âmbito da Federação Mundial de Associações Públicas (WFPHA). O painel “Desafios e caminhos para atuação das Associações de Saúde Pública das Américas” debateu essas relações, no dia 24/8.
Rosana Onocko, presidente da Abrasco, abriu a mesa destacando que a entidade integra o novo conselho da AASPA, ba vice-presidência, e que tem muito a contribuir: “A Abrasco tem um caminho já consolidado no sentido de incidir na política interna do Brasil. Temos representações importantes. Paradoxalmente, se fortaleceu em um momento de retrocesso político: desde 2016, quando houve retirada radical de apoio do governo à ciência, a gente fez um exercício de retomada de pedir apoio dos nossos associados”.
Paulo Buss, abrasquiano histórico e coordenador do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris) da Fiocruz, pontuou que considera “imprescindível” a organização de associações nacionais e a aliança internacional dessas entidades: “É precisso se organizar com objetivos que compreendam saúde de forma integral, articulada às questões sociopolíticas, ambientais e éticas”.
O presidente da WFPHA e ex-presidende da Abrasco, Luis Eugenio de Souza, também participou da atividade. “Os países das Américas estão em posição de contribuir para a consolidação global de novas bases para a saúde pública, que vai permitir a todos nós cumprir a missão de proteger o povo e o planeta, promover a paz, e o bem estar”, afirmou.
Socorro Gross, representante da OPAS no Brasil, endossou a importância dessas alianças, como um caminho para superar o que chama de “economia perversa”. Para ela, na pandemia de Covid-19 esperava-se dos países solidariedade e coletividade, mas não foi como aconteceu: “Encontramos exclusão. A região das Américas é a mais inequitativa do mundo. E há discriminação de nossas populações indigenas, afrodescendentes, tudo que é diverso é atacado”.
Fernando Sacoto, presidente da Sociedade Equatoriana de Saúde Pública (SESP) e Diretor executivo da AASPA, afirmou que o Brasil é referência em saúde pública na região, e que não é “por acaso”: ele citou como expressividade do movimento político da saúde no Brasil, por exemplo, a criação do SUS, durante a Constituinte , e as Conferências Nacionais de Saúde, que acontecem a cada três anos.
“O desafio coletivo é construir um pensamento político em saúde pública para a América Latina, considerando todas as variáveis políticas e a diversidade dos países. Precisamos construir um plano de ação, pois não há poder político para a saúde em nossa região – com poucas exceções”, ponderou Sacoto.