O IX Congresso Brasileiro de Epidemiologia – Epixiv – foi em setembro, mas continua produzindo informação e conhecimento. A edição 147 da revista Radis dá destaque a três importantes temas debatidos no evento. As matérias são de autoria da jornalista Elisa Batalha, que acompanhou os quatro dias de congresso.
Com o título Olhar no Futuro, a matéria analisa as possibilidades do uso do Big Data – nome dado ao grande volume de informações digitais não indexadas – para o campo da Epidemiologia. O tema foi apresentado por Laura Rodrigues, pesquisadora da London School of Hygiene and Tropical Medicine, na conferência da tarde do segundo dia. O texto ressalta estudos científicos e ações em saúde pública realizados na Europa e nos Estados Unidos em que tuítes, mensagens de celular e pesquisas na internet serviram de ferramenta na análise de rastreamentos de doenças e validação de hipóteses, numa interação entre saúde e sociedade nunca antes imaginada. “Essa tendência em Epidemiologia leva em consideração não apenas a escala, mas também a complexidade da sua interpretação”, ponderou ela, para quem os desafios envolvem tecnologia, métodos e capacitação, confidencialidade e consenso social”, exemplificou a pesquisadora.
Já Viver mais, com mais saúde agrupa informações sobre as sessões que abordaram o tema do envelhecimento, como a mesa-redonda Grandes estudos de coorte sobre envelhecimento, que reuniu Sir Michael Marmot, referência da área no tema dos determinantes sociais em saúde e nos estudos longitudinais de envelhecimento, e os pesquisadores David Weir, da Universidade do Michigan, nos EUA, e Alice Delerue Matos, da Universidade do Minho, em Portugal; e a palestra sobre demência da professora Cleusa Ferri, da UNiversidade Federal de São Paulo (Unifesp). Entre outros aspectos ressatados, a matéria aponta a relação direta entre envelhecimento de qualide com fatores culturais e de gênero, como apontado no estudo de Delerue Matos.
A terceira matéria sobre o Epivix é Atenção à população negligenciada, baseada na mesa-redonda sobre o tema que juntou os pesquisadores Carlos Coimbra Júnior (ENSP/Fiocruz), Manoel Carlos Sampaio de Almeida Ribeiro (Santa Casa de SP) e Haroldo Ferreira (Fanut/UFAL), que debateram as situações de saúde dos povos indígenas, população de rua e quilombolas, respectivamente. Em consenso, a clareza que as desigualdade de renda e de escolaridade são elementos determinantes na qualidade de vida desses grupos e no seu acesso à saúde. O encontro de estudiosos rendeu frutos: a partir da mesa-redonda, uma rede de pesquisadores na temática ganhou corpo. O primeiro estudo, destinado à saúde quilombola, foi recentemente aprovado no edital sobre saúde da população negra promovido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em conjunto com o Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde (Decit/MS) – leia mais aqui.
A Radis é uma publicação do Programa Radis, vinculado à Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz). Confira as matérias nos links acima ou baixe em PDF o caderno especial sobre o Epivix.