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Estatal para gestão de hospitais: vai dar certo?

Vilma Reis com informações de Aline Nunes

Jornalista Aline Nunes fez reportagem sobre modelo de gestão para os hospitais no ES

Jornal A Gazeta, do Espírito Santo, ouviu Gastão Wagner sobre a implantação de uma fundação pública de direito privado para a área da saúde. O médico sanitarista, professor titular da Universidade Estadual de Campinas e presidente da Abrasco gestão 2015 – 2018 participou da reportagem Será que vai dar certo uma estatal para gerir hospitais públicos no ES? Especialistas avaliam modelo que está nos planos do governo onde diz que há um impasse no Brasil sobre o modelo de gestão dos hospitais vinculados ao SUS porque, na administração direta do governo, grande parte das normas é inadequada à lógica da saúde por todas as suas especificidades e complexidade. Privatização ou terceirização por OSs estão fora de questão para ele, que acredita que a fundação apresenta-se como alternativa que confere agilidade ao serviço público e é passível de controle social.

Confira:

Com a perspectiva de tornar a gestão dos hospitais mais eficiente,o governo do Espírito Santo prepara projeto para criar uma fundação estatal. A estratégia suscita questionamentos, uma vez que a nova estrutura poderia aumentar os gastos públicos num momento em que o controle de despesas é cada vez mais indispensável. Um ponto de interrogação também surge quando não há garantias de que o modelo proposto vai melhorar o atendimento à população.

Diante dessas incertezas, A GAZETA procurou representantes do setor e especialistas para analisar a proposta de implantação da fundação pública de direito privado. A ideia, segundo o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes,é que a nova estrutura funcione como uma prestadora de serviços contratada pelo governo, mas que só vai ter receita se realizaros serviços. E os servidores estarão vinculados à fundação.

O projeto ainda está em elaboração pelo governo e o modelo de ver á ser adotado para o gerenciamento de 16 hospitais da rede estadual, como o Antônio Bezerra de Faria, em Vila Velha, como alternativa tanto à gestão própria (administração direta do governo) quanto às Organizações Sociais de Saúde (OSs, do setor privado), hoje instaladas nas outras quatro unidades hospitalares do Estado e alvos de críticas.

Responsável por uma pesquisa sobre OSs no país, a professora da FDV pós-doutora em Saúde Coletiva Elda Bussinguer ressalta que esse modelo provocou uma“sangria nos cofres públicos sem entregar o que prometeu” e sua preocupação é que uma fundação siga pelo mesmo caminho. “A proposta estadual vem na esteira da crise dos modelos anteriormente testados. Guardadas as devidas proporções, no que diz respeito à personalidade jurídica, a proposta do governo é muito próxima do modelo das OSs”, avalia. Alguns juristas, segundo explica Francis Sodré, professora do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Ufes, consideram as fundações instituições híbridas porque permitem a relação tanto com o público quanto como privado, propiciando maior autonomia para se relacionar como mercado e como Estado. “É uma prática recorrente hoje no Brasil. Em cinco Estados, a fundação é uma alternativa de gestão e as experiências têm sido as mais diversas possíveis; em alguns têm dado certo, em outros, não.” De experiência positiva, Francis cita a Bahia, onde foi criada uma relação próxima com a comunidade antes da regulamentação da fundação, garantindo bons resultados. Em Sergipe, porém, a professora conta que houve necessidadede intervenção federal e suspeita de improbidade administrativa.

BUROCRACIA

A opção por uma fundação vem ancorada, entre outras justificativas do governo, pela constatação das dificuldades da gestão própria decorrentes da burocracia. É observação também de quem olha de fora. “Um hospital é um aglomerado de contratos, materiais e humanos. Nesse caso, a flexibilidade e a agilidade das organizações de direito privado representam vantagens. Mas o que define a excelência nos serviços de saúde é o propósito transformador da organização estar voltado para melhoria das condições de saúde dos pacientes, para a resolutividade”, ressalta Wallace Millis, professor da UVV, mestre em Planejamento e Políticas de Desenvolvimento.

Na avaliação de Márcia Rodriguez Vásquez Pauferro, coordenadora do curso de Tecnologia em Gestão Hospitalar do Centro Universitário São Camilo, em São Paulo, toda tentativa de reformulação deve produzir mais eficiência, principalmente quando o sistema antigo possui vícios. E acrescenta que, em qualquer modelo, há bons e maus exemplos pelo país.

DESEMPENHO

Sem conhecer o projeto em detalhes (que ainda será apresentado), a professora Cláudia Passador, da Faculdade de Economia da USP, em Ribeirão Preto,disse que é difícil estabelecer como será o desempenho da fundação, mas destaca: “Nem tudoqueéprivadofunciona melhor. Funciona melhor o que é bem gerido”.

Pesquisador da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e professor de Medicina da Unicamp, Gastão Wagner de Sousa Campos diz que há um impasse no Brasil sobre o modelo de gestão dos hospitais vinculados ao SUS porque, na administração direta do governo, grande parte das normas é inadequada à lógica da saúde por todas as suas especificidades e complexidade. Privatização ou terceirização por OSs estão fora de questão para ele, que acredita que a fundação apresenta-se como alternativa que confere agilidade ao serviço público e é passível de controle social.

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