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‘Estratégia de re-existência e defesa do SUS’: pesquisadores da Abrasco abordam em artigo a importância dos cursos de graduação em Saúde Coletiva

A graduação em Saúde Coletiva, oferecida em universidades brasileiras a partir de 2008, possibilita a formação de profissionais com identidade específica, visão estratégica e compromisso com a saúde pública, o que torna o curso uma “estratégia política de re-existência e defesa do SUS”. Esse apontamento, bem como a trajetória dos bacharelados em Saúde Coletiva, as expectativas e os desafios, como a inserção profissional, são abordados em artigo publicado por pesquisadores que fazem parte do Fórum de Graduação em Saúde Coletiva da Abrasco

Com o título “A graduação em saúde coletiva como estratégia política de re-existência e defesa do SUS: trajetória, expectativas e desafios para o futuro”, o texto, disponível em Acesso Aberto, foi publicado em março de 2025 na Revista Saúde e Sociedade como parte de uma edição especial sobre graduação em saúde coletiva: formação, inserção e atuação profissional. Os pesquisadores Vinício Oliveira da Silva; Alexsandro de Melo Laurindo; Luis Roberto da Silva; Marília Cristina Prado Louvison; Alcides Silva de Miranda; Liliana Santos e Lívia Teixeira de Souza Maia, coordenadora do Fórum de Graduação em Saúde Coletiva, assinam o artigo (autores em ordem de autoria da publicação). 

Clique aqui e confira o artigo na íntegra! 

O texto inicia o debate com uma contextualização histórica e aborda a Reforma Sanitária Brasileira (RSB), movimento, em plena ditadura militar, de pesquisadores, professores, alunos, profissionais da saúde e sociedade civil, em defesa de um novo modelo de saúde. Na sequência, os autores abordam a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e a consolidação dos programas de pós-graduação em Saúde Coletiva. Uma das primeiras contribuições dos cursos de graduação em Saúde Coletiva, segundo os autores, consiste justamente na inovação de adiantar, sem prejuízos, a formação, antes exclusiva dos PPGs, estratégia importante para transformar o modelo de atenção à saúde. 

Os autores destacam ainda a graduação em Saúde Coletiva como uma ferramenta de manutenção e atualização dos ideais da RSB.  “É um dos processos que alimentam o projeto da Reforma Sanitária em suas apostas contra hegemônicas e traz a possibilidade de formar jovens sanitaristas, que contribuem com a atuação nos territórios e que potencializam o encontro com as necessidades e diversidade da população e, também, com a importância de processos comunicacionais dialógicos e emancipatórios”, afirmam. 

A criação do bacharelado em Saúde Coletiva só foi possível, como resgatam os autores, durante o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), em 2007. Através dessa iniciativa, foi possível colocar em prática uma antiga ideia, que já tinha sido rascunhada e debatida em encontros e congressos, especialmente oficinas de trabalho realizadas por representantes de Instituições de ensino, Ministério da Saúde, Organização Panamericana de Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) e Abrasco, entre 2002 e 2003. 

Atualmente, existem 24 cursos desse tipo no Brasil, mas os primeiros foram criados no ano seguinte ao REUNI, 2008, na Universidade Federal do Acre (UFAC) e na Universidade de Brasília (UnB). Os autores detalham os desafios e a trajetória que culminou no projeto do curso. Além do debate em torno da pertinência dessa nova graduação, a dificuldade de integrar teoria e prática, numa formação ampla, qualificada para profissionais da  área  da  saúde, como foco  na  promoção  da  saúde e no fortalecimento do SUS.

Ao considerar o caráter plural do campo da Saúde Coletiva, realizou-se consultas públicas e um debate ampliado para elaborar as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do curso de graduação em Saúde Coletiva. Os autores rememoram que a Abrasco, através do Fórum de Graduação em Saúde Coletiva, teve forte protagonismo nesse processo, ao reunir representantes dos cursos e ouvir os docentes e discentes. Como resultado, no dia 6 de junho de 2017, foram aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) as DCN do curso de graduação em Saúde Coletiva, através do parecer 242 de 2017. 

Clique aqui e confira as DCN! 

De acordo com os autores, “Esse  trabalho  colaborativo  permitiu  a  incorporação  de  diferentes  perspectivas  e  experiências,  resultando  em  diretrizes  abrangentes e atualizadas, capazes de orientar de forma eficaz a formação dos sanitaristas na graduação”. As DCN, ao delinear os objetivos de formação em Saúde Coletiva, destacam, além das competências técnicas, éticas, científicas e políticas, formar profissionais capazes de atuar de forma crítica e reflexiva, compreendendo os determinantes sociais da  saúde  e  as  políticas  públicas  voltadas  para  a  promoção da saúde e prevenção de doenças. 

Os autores também abordam no texto o processo de regulamentação da profissão de sanitarista, a partir da Lei nº 14.725, de 16 de novembro de 2023. Além de suprir uma demanda crescente de profissionais para o SUS, a regulamentação, segundo os pesquisadores que assinam o artigo, traz legitimidade para esse ofício. 

“É fundamental a regulamentação da profissão que inclui todos os sanitaristas graduados, pós graduados e formados no SUS mas, acima de tudo, para os graduados, pois traz a legitimidade dessa nova profissão ao nível de graduação e permite a implementação, a curto prazo, do registro profissional de forma inovadora e organicamente articulado ao SUS”, declararam. 

Tire suas dúvidas: regulamentação da profissão de sanitarista

Os pesquisadores encerram o artigo enfatizando a importância de qualificar a formação profissional dos sanitaristas, a necessidade de criar mais espaços efetivos no mundo do trabalho e propiciar condições para aprendizado e experimentações, para, assim, aproximar o SUS da vida das pessoas e dos territórios em todo o Brasil.

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