Em cerimônia realizada na quarta, 16 de setembro, o militar Eduardo Pazuello foi empossado no cargo de Ministro da Saúde, encerrando um período de quase 4 meses de interinidade. A falta de um Plano integrado orientado pela ciência e a partir da estruturação do SUS e a tibieza nas respostas pontuais implementadas foram apontadas pelas abrasquianas Gulnar Azevedo, presidente da Abrasco e docente do IMS/Uerj, e Lígia Bahia, do IESC/UFRJ e integrante da Comissão de Política, Planejamento e Gestão da Saúde, na cobertura do jornal Folha de S. Paulo, tanto na versão eletrônica como na impressa, publicada nesta quinta, dia 17.
“O fortalecimento [das ações do MS] tem de ser da vigilância, para diminuir a transmissão e monitorar com informação, e precisa de um plano que segure isso”, afirma ela. Em 24 de julho, a Abrasco junto com as demais entidades da Frente Pela Vida apresentaram o Plano Nacional de Enfrentamento à Covid-19 aos secretrários do Ministério Raphael Câmara Medeiros, da Atenção Primária à Saúde (SAPS/MS), e Hélio Angotti, da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE/MS).
+ Acesse o o Plano Nacional de Enfrentamento à Pandemia de Covid-19, elaborado pela Frente Pela Vida.
Uma comunicação e posicionamento claros e em prol da saúde de crianças, adolescentes e profissionais de ensino e familiares na questão da reabertura das aulas também esteve na análise da presidente da Associação:
“Se começar a liberar todo mundo, escolas, comércio, transporte, sem controle nenhum, o vírus vai voltar a circular e vai começar a ter novos surtos. É preciso ter uma medida bem articulada” ressaltou Gulnar.
Para Lígia Bahia, a baixa experiência em saúde dos atuais quadros dirigentes, boa parte oriunda das Forças Armadas, tem mirado a resolução de demandas pontuais, sem pensar em ações nacionais mais efetivas. Como exemplo, citou a baixa cobertura vacinal, área em que o Brasil já foi referência internacional.
“Isso nunca aconteceu, nem nos governos militares. Mesmo quando não eram profissionais de saúde, eram civis. Até porque a saúde não é uma guerra, é uma política social.”
Com a mudança, Pazuello se torna oficialmente o 48º ministro da área no país —e o 3º durante a pandemia do novo coronavírus, que já deixa 4,4 milhões de casos e 133 mil mortes desde fevereiro. Acesse a matéria.