Fórum de Editores de Saúde Coletiva

Em breve.

Os congressos da Abrasco realizados nas últimas décadas têm incluído atividades de debate das políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação, dentre as quais a editoria de periódicos científicos da área de Saúde Coletiva. Essas ocasiões têm propiciado a comunicação entre autores, revisores e editores, ajudando a refletir sobre questões editoriais de interesse para o meio profissional, como a política editorial das revistas, sua sustentação financeira, estratégias para garantir e aprimorar a visibilidade da produção cientifica da área. Essas ocasiões também têm sido profícuas para debater a questão do financiamento dos periódicos com os gestores de saúde e de ciência e tecnologia, e o incentivo à publicação científica no Brasil.

Com base nesse histórico de interações prévias propiciadas pela Abrasco, os editores dos periódicos científicos da área resolveram se organizar enquanto instância regular da associação. O Fórum de Editores de Saúde Coletiva da Abrasco foi criado no dia 18 de novembro de 2014, na Faculdade de Saúde Pública da USP, em São Paulo, e teve sua primeira reunião no dia 14 de janeiro de 2015, na Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz), no Rio de Janeiro.

Participaram dessas atividades os editores das principais revistas científicas de Saúde Coletiva no país. Participou também o Prof. Luis Eugênio de Souza, do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA), então presidente da Abrasco, cuja determinação e apoio foram preponderantes para nossa organização.

Em perspectiva, o Fórum representaria um salto em qualidade, permitindo que nossa interação deixasse de ser apenas esporádica e reativa às demandas externas. Isso de fato ocorreu e, enquanto Fórum da Abrasco, os editores passaram a ter um espaço regular para debater as questões de interesse da atividade editorial em Saúde Coletiva e para articular melhor nossa ação política e científica.

A criação do Fórum foi também motivada pela perspectiva de mudanças no panorama da editoração científica nacional, que vinham sendo sinalizadas por importantes atores, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), a Coleção SciELO Brasil (Scientific Electronic Library Online), o Ministério da Saúde e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, bem como das fundações estaduais de apoio à pesquisa. Como Fórum, concordamos que nosso objetivo comum, e de toda a comunidade científica brasileira, em especial a da área de Saúde Coletiva, é o de aprimorar cada vez mais a qualidade e a visibilidade, nacional e internacional, de nossas revistas. Reconhecemos a importância desses interlocutores e do papel central que ocupam nesse processo.

Em nosso ainda pouco tempo de existência, temos conseguido manter reuniões com alguma periodicidade, para discutir temas de interesse para a área e divulgar nossas posições em diferentes instâncias. Ressaltamos a elaboração da Carta de São Paulo, durante a reunião realizada em novembro de 2014, que propugnava uma reflexão aprofundada sobre conceitos de “qualidade” e “internacionalização” dos periódicos, face às novas exigências da coordenação da Coleção SciELO Brasil. Destacamos ainda nossa participação no 11º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, realizado em 2015, em Goiânia, quando pudemos debater as questões da internacionalização e do financiamento dos periódicos, entre outras.

O Fórum de Editores também contribuiu na organização do fascículo especial da revista Ciência & Saúde Coletiva (vol. 20, n. 7, 2015), comemorativo de seus 20 anos, com artigos sublinhando a importância das revistas de Saúde Pública/Saúde Coletiva para o Sistema Único de Saúde (SUS) e para a Ciência Brasileira. Em seu ainda pouco tempo de formação, o Fórum de Editores tem acompanhado os esforços de organização do meio editorial.

A participação de revistas brasileiras na Coleção SciELO Saúde Pública cresceu de modo importante nesse período, também houve expressivo aumento dos periódicos nacionais na PubMed Central (PMC), o repositório de acesso aberto mantido pela Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos (U.S. National Institutes of Health’s National Library of Medicine).

Nesse período, também foram dinamizados os repositórios institucionais, como o Portal de Revistas da USP e o Portal de Periódicos da Fiocruz, e se implementou a adoção, por parte das revistas, dos sistemas informatizados de submissão e gerenciamento de artigos, como o ScholarOne.

Membros do Fórum de Editores foram eleitos c-omo representantes dos Conselhos Consultivos das Coleções SciELO Brasil e SciELO Saúde Pública, nos quais participam da avaliação dos periódicos e na discussão de critérios para inclusão e permanência nestas Coleções, além de colaborar da atualização de suas políticas editoriais.

Apesar desses avanços, o trabalho editorial em Saúde Coletiva ainda enfrenta severas dificuldades e enormes desafios, em especial no que diz respeito à gestão e sustentabilidade das revistas científicas.

No que diz respeito à gestão, os periódicos brasileiros têm se apoiado basicamente na contribuição voluntária de editores e revisores. As revistas científicas têm sofrido cronicamente pela falta de apoio de secretaria para gerenciar um sistema que é complexo. O número de artigos que é submetido a cada semana é enorme, o processo editorial gera múltiplas demandas: os artigos submetidos são examinados pelos editores, por revisores, eventualmente retornam aos autores para correção e nova submissão. Mesmo depois de aprovados, os artigos ainda passam por etapas adicionais de editoração: são revisados do ponto de vista ortográfico e gramatical, são vertidos para o inglês, são formatados na diagramação padronizada de cada revista e são gerados os arquivos xlm, pdf e epdf correspondentes.

Mas não há editores profissionais; as revistas brasileiras são dirigidas por docentes do ensino superior, que atuam como editores executivos, científicos e associados sem deixar de exercer todas as demais atribuições da docência: ministrar cursos, fazer pesquisas, orientar estudantes, publicar seus próprios artigos, desenvolver atividades de extensão e contribuir com a gestão universitária. O mesmo se aplica aos revisores externos que são solicitados para avaliar os manuscritos. Com a crescente produção científica em várias áreas, é cada vez mais difícil encontrar especialistas para avaliar todos os manuscritos. Essa dificuldade tem gerado um aumento da proporção de artigos recusados na análise inicial dos editores, pois as revistas não têm conseguido oferecer o processamento editorial completo para todos os manuscritos submetidos.

No que diz respeito à sustentabilidade, a atual conjuntura econômica levou os periódicos brasileiros a uma crise sem precedentes. O financiamento das publicações científicas sempre foi escasso no Brasil; do total de verbas destinadas ao desenvolvimento científico e tecnológico, apenas uma proporção muito reduzida tem sido aplicada para a divulgação do conhecimento que é produzido em todas as áreas. Mas essa dificuldade se agravou ainda mais nos últimos anos, impondo uma condição dificílima para as revistas de Saúde Coletiva.

Desde sua criação, o Fórum de Editores possui uma lista de email que apoia suas atividades, propiciando o compartilhamento de experiências entre editores e notícias de interesse para o meio editorial. Além disso, o Fórum de Editores da Abrasco se comunica com a comunidade da Saúde Coletiva por meio de sua página no site da Abrasco.

A próxima reunião do Fórum será realizada durante o 10º Congresso Brasileiro de Epidemiologia, em outubro de 2017, em Florianópolis. Por demanda deste Fórum, o 10º Congresso Brasileiro de Epidemiologia contará com um espaço dedicado aos periódicos científicos da área, que abrigará palestras, debates e conversas com editores, visando a uma maior aproximação com seu público de leitores, autores e revisores.

Coordenação:

Antonio Boing – Revista Brasileira de Epidemiologia (Epidemio)
Angélica Fonseca – Revista Trabalho, Educação e Saúde (TES)

O Fórum de Editores de Saúde Coletiva conta com representações de 26 publicações científicas brasileiras da Saúde Coletiva e áreas afins. Clique nos links e confira os sites oficiais e/ou as publicações eletrônicas disponíveis na base SciELO. 

Skip to content