A sessão foi aberta por Eduardo da Motta e Albuquerque, professor da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG. “A particularidade da inovação na saúde é o envolvimento de todo um grande setor de atenção médica, como hospitais, e área farmacêutica além das universidades e empresas, uma intercessão singular com a dimensão do bem-estar”, disse Albuquerque, que acredita que as estratégias atuais e futuras devam pensar esses arranjos institucionais.
Já o professor Reinaldo Guimarães abordou a inovação a partir do ponto de vista da soberania. Segundo ele, 20% da inovação planetária em saúde é feita nos Estados Unidos, o que demonstra como é importante estudos na área. No país, Guimarães avalia uma dependência da inovação na área farmacêutica, que registrou crescimento após a regulamentação dos medicamentos genéricos, mas que se encontra em crise por conta da falta de avanços em moléculas sintéticas inovadoras. O desenvolvimento de vacinas e a força dos remédios biológicos devem ser os motores da inovação brasileira, mas que precisa andar em desenvolvimento com a indústria nacional. “A inovação é essencial, mas não é suficiente se não tivermos potência para a produção”, destacou.
As vacinas também foram abordadas por Jorge Kalil, do Instituto Butantan em sua fala, na qual destacou o trabalho do centro de pesquisas paulista na constituição de 50 patentes de medicamentos para problemas de saúde tropicais. Ao apresentar as forças e fraquezas da ciência no país, Kalil foi enfático ao apontar que não basta a disseminação de institutos pelo interior se não houver condições para os profissionais nele alocados. “Vemos uma grande fuga de pesquisadores para institutos estrangeiros. Só eu conto com oito alunos em centros internacionais. Ciência e inovação se fazem com cérebros, e não com prédios construídos em locais sem infraestrutura e sem condições de fixação dos pesquisadores”.
Ao final, Nathan Souza, do departamento de ciência e tecnologia (Decit) do Ministério da Saúde falou de ações do governo no campo, com a ferramenta EVIPnet. “Se o gestor demanda uma informação ou uma evidencia, a ferramenta serve de base de elaboração de sínteses, o que constitui uma estratégia de divulgação de conhecimento e que eleva o grau e o diálogo estabelecido nesse tipo de estratégia”, disse Souza.