A presidente Dilma Rousseff empossou por decreto, no último dia 15 de junho, o senhor José Carlos de Souza Abrahão para o cargo de diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) Abrahão já fazia parte da diretoria do órgão desde maio de 2014 e ficará à frente da agência até 11 de maio de 2017. A indicação foi aprovada pelo Senado Federal.
Quando da sua nomeação para a diretoria do órgão, no fim de março de 2014, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Abrasco; o Centro Brasileiro de Estudos em Saúde – Cebes, e o Instituto de Defesa do Consumidor – Idec manifestaram-se publicamente contra tal decisão, ressaltando o conflito de interesses entre o indicado e as funções primeiras da agência. O Conselho Nacional de Saúde também se posicionou contrariamente à nomeação de Abrahão
Até assumir a diretoria da ANS, Abrahão presidia a Confederação Nacional de Saúde, Hospitais, Estabelecimentos e Serviços e a Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Rio de Janeiro, entidades sindicais que representam as empresa privadas prestadoras de serviços de saúde no País e no estado fluminense, respectivamente, incluindo as operadoras de planos de saúde.
Além de presidir o órgão de classe do empresariado, quando convidado a compor a diretoria da ANS, Abrahão apresentou currículo com diversos artigos por ele assinados. Esqueceu-se de anexar outros textos nos quais se expressa contrário ao ressarcimento das operadoras ao Sistema Único de Saúde (SUS) e contrário à obrigatoriedade a atender todas as enfermidades relacionadas no Código Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde.
Novamente, a Abrasco vem a público repudiar políticas que expressam o descaso para com a construção de um SUS universal e igualitário e a submissão às empresas de saúde, mais uma vez brindadas em seus interesses. Os pesquisadores, estudantes e técnicos da Saúde Coletiva estarão atentos aos desdobramentos advindos da potencialização da representação do setor privado nas instituições públicas.