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Luis Eugenio assume a presidência da WFPHA

Bruno C. Dias

Ciente dos desafios a serem enfrentados em decorrência da Covid e demais emergências em saúde pública e com o compromisso de contribuir para avançar a luta pela equidade em saúde e por um maior protagonismo das populações vulnerabilizadas, o abrasquiano Luis Eugenio de Souza tomou posse como presidente da Federação Mundial das Associações de Saúde Pública – WFPHA, na sigla em inglês, na manhã da quinta, 19 de maio, dentro da Assembleia Geral da Associação, realizada em ambiente virtual.

A Assembleia foi aberta por Walter Ricciardi, presidente da WFPHA que encerrou seu ciclo à frente da Federação e passou a compor o triunvirato como presidente sênior. Auxiliado por Bettina Borisch e demais integrantes da Secretaria Executiva da WFPHA, Ricciardi apresentou o balanço científico, político, administrativo, financeiro de sua gestão. Em suas palavras finais, agradeceu aos parceiros de caminhada: o presidente sênior Michael Moore; a secretária executiva Bettina Borisch e toda a equipe da secretaria executiva. Os documentos estão disponíveis no site da Federação.

Na sequência, Moore, presidente da Comissão de Indicações da WPFHA, fez a chamada dod novos membros para composição do corpo diretivo, incluindo a candidata à vice-presidência.

A seguir, Ricciardi passou à presidência da WFPHA a Luis Eugenio. Em seu discurso, o novo presidente rememorou sua trajetória: docente do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA); presidente da Abrasco entre os anos de 2012 e 2015; integrante do Comitê Político da WFPHA.

Destacou o contexto de grave crise associada à Covid-19 e à emergência climática, acrescentando a insuficiência das ações de enfrentamento.. “Não há ações concretas para mitigar a crise por parte dos atores globais mais potentes – sejam grandes corporações transnacionais ou os governos das grandes potências mundiais. Pelo contrário, esses atores continuam seus negócios, como sempre, mesmo sabendo que esse modelo de negócios é o responsável final pela crise. Nesse contexto, os desafios para assegurar o direito à saúde são enormes”.

A boa notícia, segundo Luis Eugenio, é que a sociedade civil está cada vez mais atenta e articulada para o fortalecimento da saúde como um direito humano de todos, destacando ações e campanhas que a WFPHA tem liderado, indicando a a atuação dessas redes em prol da equidade em saúde.

+ “Minha atuação no Brasil orienta minha atuação na saúde global” – Leia a entrevista exclusiva com Luis Eugenio de Souza

O presidente empossado destacou a necessidade do cessar fogo imediato e do início de negociações de paz em todas as regiões do mundo que vivenciam situações de guerra.  Parabenizou a OMS por ter decidido focar a discussão da Assembleia Mundial da Saúde, que ocorrerá na semana de 23 a 27 de maio,  no tema da “Saúde pela Paz, Paz pela Saúde”.

Acrescentou que, para controlar a pandemia de Covid-19 e prevenir futuras pandemias, é fundamental atuar sobre suas causas estruturais, relacionadas à degradação ambiental e às desigualdades sociais e fortalecer os sistemas universais de saúde. A viabilização dessa agenda depende do fortalecimento da unidade  entre os atores da sociedade civil comprometidos com a promoção da igualdade e com o respeito às diferenças.

Por fim, ressaltou  que a construção dessa agenda está articulada ao Plano Estratégico da WFPHA 2023 – 2027, baseado em análises sobre  a situação de saúde no mundo e a governança em saúde e na renovação da missão, da visão e dos valores da WPFHA e suas estruturas. Leia o discurso na íntegra.

WFPHA Awards: Paulo Buss, John Hopkins e APIB

Encerrada a posse, Michael Moore e Luis Eugenio conduziram o WFPHA Awards, premiações concedidas pela Federação a profissionais e lideranças com dedicação de uma vida à causa da saúde; universidades e centros de pesquisa responsáveis por avanços no conhecimento, e organizações da sociedade civil comprometidas com a saúde das populações.

Secretário Executivo da fundação aos primeiros cinco anos da Abrasco; ex-presidente da WFPHA; ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz e atualmente diretor do Centro de Relações Internacionais da Saúde da mesma instituição (CRIS/Fiocruz), Paulo Buss foi agraciado com o WFPHA Lifetime Achievements Award 2022. O anúncio foi feito por Luis Eugenio, que o apresentou como “um grande diplomata que se movimenta e produz vitórias em prol da saúde pública; motivo de orgulho e de inspiração para ele e gerações de sanitaristas do Brasil e do mundo”.

Em seu agradecimento, Paulo Buss desejou muito sucesso a Luis Eugenio à frente da Federação, colocando-se à disposição, e rememorou seu caminho ao encontro da Saúde Pública, após a conclusão da graduação em medicina na Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, seu estado natal. “Vim ao Rio para fazer o mestrado em pediatria social, interessado em reduzir as taxas de mortalidade das crianças. Abraçar a Saúde Pública foi um caminho natural”, disse Buss, comentando como passo seguinte dessa trajetória a criação da Abrasco, “um dos mais importantes atores para a redação do capítulo da Saúde na Constituição Federal de 1988 e para a construção do SUS”.

“Compartilho esta história para afirmar meu amor e dedicação à Saúde Pública. Porque acredito que nossa área de trabalho é composta por muitos sonhos e compromissos com a promoção da saúde humana e planetária em todas as dimensões”, completou Paulo Buss, desejando a restauração da confiança entre os povos e a solidariedade internacional como horizonte de trabalho para a WFPHA em prol do renascimento de um multilateralismo saudável e respeitoso capaz de unir a humanidade. Leia o discurso na íntegra.

Na sequência foram premiadas a Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health como instituição de ensino e pesquisa em Saúde Pública, e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB – como organização da sociedade civil dedicada à defesa da saúde. Danilo Tupiniquim representou a APÌB, tendo suas palavras traduzidas para o inglês por Rosana Onocko, presidente da Abrasco.

“É importante termos esse reconhecimento, pois assim percebemos que estamos no caminho certo da defesa dos povos indígenas no Brasil. Nos últimos dois anos em que enfrentamos a Covid-19 foram mais de 160 povos afetados, mais de 1300 indígenas mortos, uma das populações mais vulneráveis dentro do contingente de mais de 660 mil óbitos de brasileiros e brasileiras. Para nós, não tem como falar sobre saúde indígena sem ter o território respeitado”, ressaltou Danilo Tupiniquim.

Nova composição da WFPHA tem vice-presidente maori

A Assembleia da WFPHA foi concluída com o anúncio da nova vice-presidente/presidente eleita, que assim como Luis Eugenio em 2020, passa a compor a direção da Federação. Foi eleita Emma Rawson Te Patu, da Associação de Saúde Pública da Nova Zelândia.

Em seu discurso, feito inicialmente na língua maori e depois em inglês, Te Patu agradeceu o apoio recebido e defendeu uma maior presença de mulheres, membros dos povos indígenas e de minorias étnicas nas direções de entidades e em espaços de decisão política, numa transformação da liderança em Saúde Pública global.

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