Apostar na experiência vivida, nas trocas e no compartilhamento dos conhecimentos e das emoções. Em sua oitava edição, o Simpósio Brasileiro de Vigilância Sanitária – 8º Simbravisa – traz esse chamado como mensagem central à toda a comunidade da Saúde Coletiva e, em particular aos trabalhadores e pesquisadores da Vigilância Sanitária (VISA).
Essa motivação será um dos elementos centrais para avaliação dos resumos na categoria “Relato de Experiências”. Segundo Luiz Antônio Quitério, coordenador da Comissão Científica do evento. “Há uma certa cultura, na falta de uma palavra melhor, de só relatar o que deu certo. Entretanto, apresentar e discutir erros e frustrações, quando decorrentes de uma intervenção pensada e programada, são tão importantes quanto os acertos”, conclamando os participantes a pensarem na possibilidade de valorizar as experiências vividas no cotidiano do trabalho e da pesquisa em VISA.
Confira aqui a programação completa.
Quitério também destaca a decisão das comissões do evento em dedicar o primeiro dia do simpósio ao debate dos problemas reais vivenciados pelos trabalhadores da VISA nas áreas de alimentos, medicamentos, serviços de saúde, produtos para a saúde, meio ambiente e saúde do trabalhador. “Haverá oito salas concomitantes, cada uma com um problema diferente, apresentados por colegas que o vivenciaram, para serem debatidos com o público. À tarde quatro mesas-redondas tematizarão os problemas, trazendo elementos técnicos e científicos associados às questões debatidas”.
Por fim, o coordenador ressalta o papel de fortalecimento da área que o Simpósio imprime a cada edição. “É nossa intenção propiciar ao simposiasta uma vivência que, imergindo nos descaminhos dos problemas cotidianos, debatendo e refletindo a propósito deles, permita perceber que só realizaremos plenamente a nossa finalidade se a saúde continuar sendo um direito de cidadania. E isso só é possível com a democracia”.
Leia a entrevista na íntegra e venha participar do 8º Simbravisa, o Simbravisa da resistência!
Abrasco: O tema desta oitava edição é “Democracia e Saúde: Caminhos e descaminhos da Vigilância Sanitária”. O que a Comissão Científica quer ao propor esse lema?
Luiz Quitério: Nessa oitava edição, decidimos trazer para a programação científica aspectos do universo de Guimarães Rosa, destacando os descaminhos; descaminhos representados por todos os percalços inerentes à ação da VISA que tão bem conhecemos nas dimensões técnica, jurídica e política da nossa atuação. A intenção é propiciar ao simposiasta uma vivência que, imergindo nos descaminhos dos problemas cotidianos, permita perceber que só realizaremos plenamente a nossa finalidade se a saúde continuar sendo um direito de cidadania. E isso só é possível com a democracia.
Abrasco: Como isso se expressará na programação?
Luiz Quitério: No primeiro dia oficial do encontro (25/11) haverá oito salas concomitantes, cada uma com um problema diferente, apresentados por colegas que o vivenciaram, para serem debatidos com o público. À tarde quatro mesas-redondas tematizarão os problemas, trazendo elementos técnicos e científicos associados às questões debatidas. O primeiro dia termina com o Grande Encontro, atividade em que quatro conhecidos estudiosos das questões de VISA abordarão os determinantes desses “descaminhos”, que se encontram também no âmbito das políticas de saúde e no modelo de desenvolvimento que se pretende para o país.
Já no segundo e terceiro dias o evento retoma a programação já conhecida nas edições anteriores, com as discussões temáticas e comunicações coordenadas (espaço para debate dos trabalhos inscritos e aprovados), conferências, painéis e mesas-redondas. Os temas dessas atividades repercutem, em certa medida, aqueles apresentados no primeiro dia, acrescentando novos olhares e perspectivas que permitirão ao simposiasta fazer a “Travessia” para o terceiro e último dia, cuja programação trará os “Novos Caminhos”, ou a VISA que queremos.
Abrasco: A dimensão da experiência é um traço forte nesta edição. Como a Comissão Científica compreende esse processo?
Luiz Quitério: Acredito que os relatos de experiências devem referir-se a intervenções concretas, reais, que trabalhadores e trabalhadoras de VISA realizaram nas suas rotinas. Como trabalhador de VISA, sei que nem sempre as nossas intervenções são bem sucedidas. Há uma certa cultura, na falta de uma palavra melhor, de só relatar o que deu certo. Entretanto, os erros e as frustrações, quando decorrentes de uma intervenção pensada e programada, são tão importantes quanto os acertos. Assim, eu conclamo todos e todas as colegas a pensarem na possibilidade de relatar experiências que não atingiram a finalidade almejada, analisando criticamente as razões para esse desfecho indesejado.
Outra atividade que valorizará a dimensão cotidiana e concreta dos serviços será uma Roda de Conversa com experiências de pequenos municípios, que promete trazer à tona questões relevantes sobre o que vem sendo feito com o nome de vigilância sanitária nas condições em que a vida se realiza em mais de 60% dos municípios brasileiros. Conclamamos todos os trabalhadores de VISA a não se deixarem abater pelas dificuldades e se esforçarem para participar do 8º Simbravisa, o Simbravisa da resistência!
O que faz diferença na redação do resumo para a submissão na categoria Trabalho Científico ?
Luiz Quitério: Nessa categoria é muito importante que a pesquisa traga algum aspecto inovador, seja em relação ao objeto, seja em relação à metodologia adotada. A lacuna de pesquisas na área de vigilância sanitária vem sendo paulatinamente reduzida, e o Simbravisa é um espaço privilegiado para a divulgação do esforço empreendido por pesquisadores e alunos de pós-graduação. Na programação do 8º Simbravisa, as sessões de Comunicação Coordenada não coincidem com as Discussões Temáticas justamente para permitir que os profissionais dos serviços, que nelas discutem seus Relatos de Experiência, possam conhecer as inovações trazidas pelas pesquisas e, assim, levarem para os seu cotidiano de trabalho essas reflexões.
(Publicada inicialmente em: 18 de junho de 2019)