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Mari Baiocchi é homenageada durante congresso da Abrasco

No dia 18 de maio deste ano, o presidente do 11º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, Elias Rassi, recebeu um email da professora Tatiana Novais, que trabalha com a saúde de povos e comunidades tradicionais na região do Cerrado. “Olá Elias, conversando com minhas colegas da Saúde Coletiva, tivemos a ideia de propor uma homenagem, durante o 11º Abrascão, à Mari Baiocchi, que foi responsável pelo Título de Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga, e por incluir na Constituição Federal o Artigo 68, que prevê o direito a terra aos remanescentes de quilombos. Ela foi uma desbravadora, e provavelmente umas das precursoras da antropologia aplicada. Viajando no lombo do burro. Sérgio Arouca, em seu discurso na 8ª Conferência, disse que saúde é a resultante, também, do acesso e posse da terra – achamos que é uma homenagem pertinente”.

Dois meses e 13 dias depois, a Abrasco homenageava Mari Baiocchi: Elias Rassi e Gastão Wagner (candidato à presidência da Abrasco) receberam a antropóloga, na Mesa Redonda ‘Políticas Públicas em Saúde da População Negra’, onde uma apresentação foi exibida, mostrando a trajetória da pesquisa de Mari. Durante a passagem do slideshow, alunos, familiares e até a imprensa presente, mostravam a emoção estampada no rosto. O material que compunha a apresentação foi gentilmente disponibilizado pelo sobrinho de Mari, Rodrigo Baiocchi.

Ao entregar uma placa com o registro da homenagem, Gastão Wagner contou que já há algum tempo vive em Campinas, porém nasceu em Catalão, município goiano e que, desde sempre, lembra de Mari Baiocchi e de seu marido, o cardiologista Omar Carneiro. Com a voz embargada, Gastão confessou – “Se hoje estou fazendo o que faço e sou quem sou, muito devo ao trabalho desta professora” e a frase foi interrompida pelo abraço emocionado entre os dois.

Mari pediu para dizer algumas palavras – “Estou emocionada e tenho receio de falar muito. Agradeço de coração esta homenagem da Abrasco, porque quando nós, pesquisadores, trabalhamos, muitas vezes não lembramos de avisar o que fazemos e continuamos fazendo. E então surgem muitos obstáculos, eu muitas vezes deixava meu marido e meus filhos cuidando da casa e saia de madrugada no lombo do burro, desbravando o Cerrado. Pesquisadores, pesquisadoras: tenham fé, não entreguem os pontos perante qualquer obstáculo, no fim é assim, uma grande festa como esta homenagem” exaltou Mari.

Sentados numa das últimas fileiras, a professora Tatiana Novais e o presidente do congresso, Elias Rassi agradeciam silenciosamente que aqueles poucos minutos de homenagem tenham trazido o povo Kalunga para dentro daquela sala de aula, para dentro do 11º Abrascão. A ideia de trazer Mari Baiocchi para o Campus da Universidade Federal de Goiás, naquela tarde quente de julho, não foi apenas pertinente – como disse Tatiana naquele email – foi essencial para a história do congresso.

Assista ao slideshow apresentado durante a homenagem

Mari de Nasaré Baiocchi, doutora em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo, professora de Antropologia no Mestrado de Ciências Agrárias da UFG, há 30 anos mantém um projeto de pesquisa e extensão junto à uma comunidade de ex-escravos que vive no nordeste goiano. Mari é a autora e responsável por um livro em que pesa quase 200 anos de história: “Kalunga, o Povo da Terra”, resultado de um minucioso trabalho de pesquisa com mais de 20 anos de dedicação.

TV Abrasco registra homenagem:

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