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NY Times: “Brasil falha para repor médicos cubanos”

Hara Flaeschen sob supervisão de Vilma Reis | Informações do NY Times

Mais Médicos – Aldeia Kumene, Oiapoque | Foto: OPAS

O jornal norte-americano The New York Times publicou hoje (11/06) uma matéria sobre a falta de médicos no Brasil – intensificada pela saída dos cubanos do Programa Mais Médicos para o Brasil, ano passado. Na época, a Abrasco alertou as autoridades e a população para as repercussões negativas na assistência à saúde de milhões de brasileiros, e se solidarizou com as populações dos locais onde os médicos cubanos atuavam, que poderiam “sofrer efeitos dramáticos da desassistência à saúde com a saída desses profissionais, caso a situação não seja adequada e rapidamente equacionada pelo governo brasileiro”.

A reportagem do NY Times, originalmente em inglês, analisa a situação da saúde pública no país 7 meses após a saída dos profissionais, que ainda não foram substituídos. A abrasquiana Ligia Bahia é uma das entrevistadas, e afirma que o desmonte do Mais Médicos foi um passo atrás. Leia trechos, traduzidos pela Comunicação da Abrasco:

Todas as cadeiras de plástico estavam vazias em uma clínica de saúde pública, e os pacientes que entraram cambaleantes foram orientados a voltar na quinta-feira – o único dia da semana em que um médico está por lá. A pequena cidade brasileira, Embu-Guaçu (SP), onde vivem 70.000 pessoas, recentemente perdeu oito de seus 18 médicos do setor público, uma perda devastadora para as unidades de saúde gratuitas da cidade, que força escolhas difíceis [dos profissionais] sobre quem atender e quando. “É de partir o coração”, disse Fernanda Kimura, médica que coordena a designação de médicos para as unidades de saúde do município: ” É como escolher qual criança alimentar.”

Os doentes e os feridos que foram embora naquele dia [ sem atendimento], em um bairro operário de Embu-Guaçu, representam apenas uma pequena fração das cerca de 28 milhões de pessoas em todo o Brasil cujo acesso à assistência médica foi drasticamente reduzido, segundo a Confederação Nacional de Municípios, após um confronto entre o novo presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e Cuba. Em novembro, Cuba anunciou que estava evocando os 8.517 médicos que havia enviado para regiões pobres e remotas do Brasil, uma resposta à dura oposição à Cuba que Bolsonaro prometeu fazer quando foi eleito, em outubro. A saída abrupta de milhares de médicos apresentou a Bolsonaro um de seus primeiros grandes desafios políticos – e testou sua capacidade de cumprir a promessa de encontrar rapidamente substituições locais. “Estamos  formando aproximadamente  20 mil médicos por ano, e a tendência é aumentar esse número ”, disse Bolsonaro em novembro. “Podemos resolver o problema com esses médicos.”

Mas seis meses depois de seu mandato presidencial, que começou em janeiro, o Brasil está lutando para substituir os médicos cubanos pelos médicos brasileiros: 3.847 postos médicos do setor público em quase 3.000 municípios continuavam sem os profissionais até abril, quando foram divulgados os números mais recentes. “Em vários estados, as unidades de saúde e seus pacientes não têm médicos”, disse Ligia Bahia, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “É um passo atrás. Impede diagnósticos precoces, monitoramento de crianças, acompanhamento de gravidez e a continuação de tratamentos que já estavam em andamento. ”

Durante sua campanha para a presidência, Bolsonaro, um populista de direita, se comprometeu a fazer grandes mudanças no programa Mais Médicos, que foi iniciado em 2013, quando o governo esquerdista estava no poder. O programa enviou médicos para as pequenas cidades brasileiras, aldeias indígenas e bairros urbanos violentos e de baixa renda.

Cerca de metade dos médicos eram de Cuba, e foram enviados para 34 aldeias indígenas remotas e para os bairros mais pobres de mais de 4.000 vilas e cidades, lugares que os médicos brasileiros, já estabelecidos profissionalmente nos grandes centros, evitavam em grande parte. “A disposição dos médicos cubanos para trabalhar em condições difíceis tornou-se um pilar do sistema de saúde pública”, disse a professora Bahia.

Leia a reportagem na íntegra, em inglês. 

 

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