“Não vamos entregar o SUS! Não vamos entregar a democracia! Não vamos entregar o Brasil! Se tiver que sair, que saiam eles!”. O discurso em defesa do Sistema Único de Saúde, feito pela professora da Universidade Federal de Goiás – UFG, Edsaura Maria Pereira, deu o tom à abertura do Seminário Preparatório Abrascão 2018 no 1º Encontro Goiano de Saúde Coletiva, na tarde desta quinta-feira, 15 de junho.
O evento, realizado junto à Jornada Científica da Secretaria Estadual de Saúde, tem como tema Fortalecer o SUS, os direitos e a democracia e é a prévia regional do 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, que será realizado no mês que vem no Rio de Janeiro.
Edsaura, que coordena o evento, afirmou que o SUS, criado há 30 anos, proporcionou o resgate da cidadania da população brasileira. Trata-se, segundo a professora, da maior política social do Brasil e uma das maiores do mundo, sendo um exemplo destacado de pacto federativo democrático.
Em um momento de ataques aos direitos e à democracia, que inclui ameaças ao modelo brasileiro de saúdo pública, ela ressaltou a importância de promover a defesa do sistema. “Não vamos ceder, vamos resistir! O SUS sempre foi luta. Não foi uma dádiva de governo, foi uma conquista do povo”.
Saúde não é negócio
À cerimônia de abertura seguiu-se a conferência do presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, Gastão Wagner de Sousa Campos. Professor da Unicamp, ele fez um histórico dos movimentos sociais, políticos e institucionais que, na década de 1980, deram suporte à reforma sanitária que instituiu um sistema público, universal e descentralizado de saúde.
O princípio, segundo Gastão, é simples: a saúde á um direito universal, que não pode depender da capacidade aquisitiva de cada um. “Para isso, a saúde tem que sair do mercado. Saúde como negócio não funciona”, pontuou. Ele acrescentou que as investigações científicas no Brasil e no mundo indicam que a gestão da saúde é mais eficiente quando feita pelo setor público em relação ao privado.
De acordo com o presidente da Abrasco, dizer que “o SUS não tem jeito” ou que “a saúde pública no Brasil não funciona” é reforçar o discurso de que é necessário privatizá-lo. E a ofensiva aumentou com um governo federal que é declaradamente contra esse sistema.
Para o professor, a saída está na retomada da luta que marcou a reforma sanitária há 30 anos. Ele citou o exemplo do modelo inglês, que também foi ameaçado, mas cuja defesa foi encampada pela própria população do país. “A saída é fazer o que vocês estão fazendo”, afirmou, referindo-se às discussões do evento promovido pela UFG. “É a nossa luta, é a luta da reforma sanitária, é a luta de vocês”, finalizou.