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O envelhecimento saudável nas palavras de Sir Michael Marmot

Vilma Reis

Uma conferência onde se conseguia sentir a expectativa da plateia: assim foi a última atividade do segundo dia deste 9º Congresso Brasileiro de Epidemiologia, com a abordagem absolutamente convincente do professor Sir Michael Marmot, na Conferência sobre o English Longitudinal Study of Ageing – ELSA.

Com a simpatia já conhecida de outros congressos da Abrasco, Sir Michael falou das desigualdades sociais em saúde que têm determinantes ao longo de toda a vida. Ele lidera o maior estudo britânico sobre envelhecimento e está envolvido em vários esforços internacionais de investigação sobre os determinantes sociais da saúde. É ainda Presidente da Comissão sobre Determinantes Sociais da Saúde, instituído pela Organização Mundial de Saúde em 2005. Em 2000 foi condecorado pela rainha da Inglaterra pelos seus serviços à Epidemiologia e no entendimento às desigualdades na Saúde.

Bastante influente no campo das desigualdades em saúde, o professor tem contribuído amplamente com a pesquisa de alta qualidade e trabalho político. Para o Epivix, Sir Michael trouxe uma nova abordagem sobre o envelhecimento, mostrou como o curso da vida determina o envelhecimento saudável e principalmente mostrando como políticas públicas podem melhorar ou não o bem estar dos idosos e a expectativa de vida.

Ele tem incentivado a colaboração do Brasil com a Inglaterra com a comparação de dados, e sobre este assunto, fez uma referência descontraída com a recepção nos Estados Unidos, dos resultados de uma outra pesquisa que mostrou que a saúde dos americanos mais ricos é equivalente à dos mais pobres na Inglaterra “Minha contribuição para o debate político são as provas que trago, não faço trapaças”, brincou Marmot.

A boa notícia é que o Brasil terá seus dados coletados, já em março do ano que vem, com a implantação do estudo de coorte sobre idosos, que é o ELSI-Brasil, um trabalho financiado pelo Departamento de Ciência e Tecnologia – Decit, onde será avaliada a saúde de brasileiros de 50 anos ou mais. Sir Michael é considerado o ‘padrinho’ deste estudo brasileiro, pois ele liderou o grupo internacional que incluiu o Brasil neste consórcio. O Elsi-Brasil é destinado a obter uma compreensão mais profunda dos aspectos físicos, psicológicos, sociais e econômicos do envelhecimento. Os dados da pesquisa são projetados num amplo conjunto de temas relevantes para a compreensão do processo de envelhecimento, que incluem a trajetória de saúde, deficiência e expectativa de vida saudável; os determinantes da situação econômica na velhice; as ligações entre a posição econômica, saúde física, cognição e saúde mental; a natureza e o calendário de aposentadoria e pós-aposentadoria; estrutura familiar, as redes sociais e apoios sociais; assim como as consequências da participação social, cívica e cultural das pessoas.

A Conferência foi coordenada pela pesquisadora Maria Fernanda Furtado de Lima Costa, que há vinte anos trabalha com envelhecimento, ela é Coordenadora do Projeto Elsi-Brasil: estudo longitudinal da saúde e bem estar de idosos brasileiros. Para o site da Abrasco, Maria Fernanda falou sobre o trabalho citado pelo professor Michael, sobre os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, de 2008, onde se comparou dados brasileiros com ingleses. “O resultado foi absolutamente fundamental, vimos que os brasileiros com 50 anos ou mais de idade com um nível mais alto de escolaridade têm um nível de incapacidade funcional parecido com o dos ingleses de escolaridade mais baixa, ou seja, os brasileiros com maior escolaridade têm o nível dos ingleses com escolaridade mais baixa e nos dois países existem desigualdades sociais e de renda associadas à capacidade funcional” explica Maria Fernanda.

Ela ainda comentou o papel da Abrasco na área da Epidemiologia “A Abrasco tem uma função estratégica desde 1979, particularmente a inserção da epidemiologia como compromisso com as políticas públicas, faz várias das nossas investigações, subsídios para o SUS. O ELSI-Brasil, dentre outras coisas, vai monitorar a efetividade dos sistemas de saúde para população mais velha e fazer comparações internacionais, é um belo estudo”, avalia Maria Fernanda.

 

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