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Ocupação Fora Valencius é desmantelada com ação da Polícia Federal

Bruno C. Dias

A paralisação de um país inteiro pela eminencia do impeachment de Dilma Rousseff foi aproveitada para a realização de um golpe baixo contra os movimentos sociais da saúde. Na tarde desta sexta-feira, 15 de abril, a Polícia Federal executou o mandato de reintegração de posse, exigindo a retirada de todos os militantes e ativistas da sala da Coordenação-Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde (CMAD/MS). A Ocupação Fora Valencius permaneceu por 121 dias, um fato inédito e histórico, e de lá saiu com a cabeça erguida. Parabéns, companheiros valentes. Organizações, redes e grupos seguem em articulação para traçar outras estratégias. A luta seguirá e será ainda maior. Valencius sai; Reforma fica.

O pedido foi feito pela Advocacia Geral da União e expedido pelo Tribunal Regional Federal na manhã dessa sexta-feira, 15 de abril. Às 14 horas, a Polícia Federal já estava na portaria do prédio do Ministério da Saúde. Segundo relatos, o clima foi tenso. Havia agentes que não estavam devidamente identificados e foi exigida saída imediata, sem dar tempo para a chegada dos advogados da ocupação. Armas de grosso calibre serviram de instrumento de intimidação, aumentando a tenso e levando ao mal estar de um dos militantes. Às 16 horas, sob salva de palmas de diversos técnicos do Ministério, os ocupantes saíram da sala da CGMAD de cabeça erguida.

Ao todo, a ocupação Fora Valencius permaneceu 121 dias. Foram quatro meses de uma atuação política legítima, na qual os valentes produziram estratégias, vivências e ações disruptivas, instrumentos técnicos e políticos que põem na prática os preceitos da lei nº. 10.216 e demais legislações e políticas nacionais. Os valentes ocupantes trabalharam e muito em prol da saúde brasileira, ao contrário do ministro Marcelo Castro, que mantém um profissional com trajetória conflitante com a Reforma Psiquiátrica, colocado no cargo para servir de agente do desmonte dessa política.

A Abrasco se solidariza e parabeniza os valentes ocupantes, homens e mulheres que, ao abraçarem a luta por uma atenção psicossocial que respeite e valorize a diferença e os diversos modos do ser de maneira tão entregue, devota e intensa, escreveram mais uma página da história da luta da saúde no Brasil. Não há reintegração ou decreto que faça retroceder o movimento antimanicomial e a luta por saúde, democracia, diversidade e cidadania.

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