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Palmira Lopes e Eymard Vasconcelos homenageados pela Abrasco

A cerimônia de abertura do 8º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde reverenciou a história de dois nomes fortes na Paraíba: Palmira Lopes e Eymard Vasconcelos que foram homenageados pela construção da educação popular em saúde na terra onde o sol nasce primeiro e, hoje, ulrapassa as fronteiras e se derrama pelo Brasil.

Acesse aqui o álbum de fotografias Homenagens – Palmira Lopes e Eymard Vasconcelos

“Eu não quero levar esse saber só comigo” disse Dona Palmira Lopes. Estava bastante emocionada a educadora popular e liderança comunitária na Paraíba, uma das coordenadoras do Movimento Popular de Saúde, que mora atualmente no Assentamento Novo Salvador, no município de Jacaraú. Em seus agradecimentos, Palmira lembrou seu trabalho de integração entre os conhecimentos populares e os conhecimentos científicos na construção de processos de cuidado integral em saúde (em especial pela fitoterapia) e em ações de luta por direitos sociais e humanos para os grupos populares: – “Eu nunca procurei a Universidade porque eu sabia que não tinha condições pra isso… eu não fiz vestibular, eu tenho apenas o 5º ano primário. Comecei a trabalhar com plantas medicinais por causa da minha criação: eu fui criada assim e era muito procurada na minha ccomunidade para fazer remédio de planta. Um dia eu recebi um recado, a professora Rinalda (Rinalda Araújo Guerra de Oliveira, da Universidade Federal da Paraíba) queria falar comigo. Ela me perguntou no que a Universidde poderia me ajudar no meu trabalho na comunidade e eu pedi um retorno científico sobre meu uso de plantas medicinais, eu queria saber se o que eu fazia com os remédios era verdade… por exemplo, eu usava hortelã miúda para ameba, será que era verdade? Para mim, só a ciência da Universidade poderia me dar essa resposta. Professora Rinalda disse que me ajudava mas que não queria que isso ficasse só na Paraíba, então comecei a viajar por quase todo o Brasil e hoje estou aqui agradecendo por este conhecimento. Sabe, eu já estou perto de ‘viajar pra uma cidade sem volta’ e por isso estou escrevendo mais um livro, eu não quero levar esse saber só comigo.” contou Dona Palmira que também faz versos e foi com um deles que terminou cantando, e toda Tenda Palmira Lopes cantou com ela: “Oiê mulher daqui, oiê mulher de lá, pra resolver os problemas precisa se organizar… pra resolver os problemas precisa se organizar!”

“Nessa homenagem eu sinto um significado político dentro da Saúde Coletiva”

Foi o sanitarista Vinícius Ximenes, médico de família e comunidade e integrante da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares quem iniciou a homenagem para Eymard Mourão Vasconcelos: -“Ele chegou na Paraíba ainda na década de 70 e quando começou medicina queria ser ‘professor Pardal’ e pesquiador de bancada… mas se apaixonou pelo mundo popular a partir da experiência que teve no projeto Montes Claros e também no contato com Dom José María Pires, o primeiro bispo negro no Brasil.”

Para a homenagem, Vinicius trouxe uma frase muitas vezes pontuada por Eymard “Lembrem-se sempre das minorias abraâmicas, expressão criada por Dom Hélder Câmara” O mundo não mudará pela ação isolada de líderes esclarecidos e sim pelo empenho comunitário de grupos de resistência, desses grupos de base, aparentemente impotentes que Dom Helder chamava de “abraâmicos” porque tornam fecundo o impossível chão de nossas esperanças.

E foi um Eymard sorridente que subiu ao palco e contou, para uma Tenda completamente cheia, que em 45 anos no movimento sanitátio e quase 70 de vida: – “A gente vai acumulano algumas cicatrizes e vai até perdendo um pouco o ânimo e é por isso que essa homenagem tem um significcado muito grande pra mim. A minha alegria maior é de perceber o siginifcado político desse momento pois no início, muitos sanitaristas foram para as periferias trabalhar com as iniquidades mas a medida que oSUS foi se constituindo, e com a necessidade política, muitos partiram para a gestão e outros muitos foram fazer reflexões teóricas mais consistentes nas Universidades. Outras passaram a cuidar dessa relação com a população e muitas vezes nos sentimos marginalizados por isso, nos sentimos com pouco espaço dentro da Abrasco, então nessa homenagem eu sinto também um significado político dentro da Saúde Coletiva: que é uma revalorização desse estar junto com a população e construir junto e essa, para mim é a maior alegria, é a abertura da Abrasco para construir um congresso com a participação efetivo do saber que vem das experiências dos movimentos que muitas vezes não têm um refinamento organizativo teórico para trabalhar em pesquisa… mas nesse congresso nós conseguimos criar critérios diferentes.” pontuou Eymard.

Iniciado na militânciado movimento sanitário em 1974, no auge da ditadura militar, Eymard é graduado em Medicina, com mestrado em Educação e doutorado em Medicina Tropical. É professor aposentado do Departamento de Promoção da Saúde do Centro de Ciências Médicas da Universidade Federal da Paraíba, tendo atuado por 19 anos no Programa de Pós-Graduação em Educação da mesma universidade. É esse grupo de educadores populares que aglutinou demais pesquisadores e estudantes para compor a Comissão local do 8º CBCSHS.

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