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Produção técnica e futuro da avaliação em debate no Fórum de Pós-Graduação

Mais de 70 coordenadores de programas de Pós-Graduação da área da Saúde Coletiva trocaram impressões e visões sobre os caminhos da avaliação dos cursos nos seus mais diversos aspectos, além de debater formas de qualificar a produção técnica e a criação de uma nova plataforma de palestras. Esses foram alguns dos pontos discutidos nos dois dias de reunião do Fórum de Coordenadores de Pós-Graduação em Saúde Coletiva – confira aqui a pauta final.

O encontro aconteceu em Porto Seguro, com recepção do programa do Instituto de Saúde Coletiva como formas de qualificação da produção técnica e a criação de uma nova plataforma de cursos e palestras a serem partilhadas entre os programas. da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA). Na segunda-feira, 05, a mesa de abertura contou com as professoras doutoras Maria Amélia Veras, da coordenação nacional do Fórum; Rita Barradas Barata, coordenadora da área junto à Capes; Maria da Glória Teixeira, do PPGSC/UFBA; e Rosana Onocko-Campos, representando a direção da Abrasco.

Após as falas iniciais, um justo reconhecimento ao trabalho da professora Rita Barradas, eleita recentemente como representante da International Epidemiological Association (IEA) para a região da América Latina e que finaliza sua participação à frente da coordenação de área na Capes em agosto próximo. “Todos que têm acompanhado a trajetória da Área de Saúde Coletiva na Capes por meio deste Fórum reconhecem a qualidade da representação da professora Rita nesse espaço”, sintetizou Maria Veras.

Rita agradeceu e fez um histórico dos nomes da Saúde Coletiva que já passaram por diversas funções dentro da agência federal, como Maria Andreia Loyola, Cecília Minayo, Maurício Lima Barreto, Moisés Goldbaum e Aluízio Barros, “representantes comprometidos com o fortalecimento de nossa área e com a qualidade da ciência e tecnologia de nosso país”. Na sequência, explicou o procedimento para escolha do coordenador de área: os quatro mais indicados pelos coordenadores dos programas e pelas associações científicas da área são convocados a apresentar um memorial com seus posicionamentos frente à política nacional de pós-graduação e processos de avaliação. A partir da leitura desses documentos, o Conselho Superior da Capes monta a lista tríplice e o coordenador é escolhido pela presidência. Comumente os dois outros nomes são indicados como adjuntos.

Os representantes do Fórum destacaram a importância de se ter na coordenação a participação das diferentes subáreas da Saúde Coletiva,  e que no perfil dos candidatos destaquem-se características como reconhecimento público dos pares, disponibilidade de agenda para reuniões mensais, de pelo menos uma semana em Brasília, capacidade de acolher a diversidade de ideias e opiniões, postura democrática, participar das reuniões do Fórum, respeitando e encaminhandosuas deliberações. No dia seguinte foi fechada a lista de nomes sugeridos para a representação.  Foram indicados, por ordem de votos os nomes dos professores Guilherme Werneck Ribeiro (IMS/UERJ); Eduarda Cesse (CpqAM/Fiocruz); Rosana Onocko-Campos (FCM/Unicamp); Ricardo Ventura (ENSP/Fiocruz), e Kenneth Camargo (IMS/UERJ).

Nova plataforma, novos desafios: Ainda na segunda-feira, os coordenadores discutiram sobre a plataforma Sucupira, sistema para preenchimento dos dados dos programas de Pós-Graduação em todo o país criado pela Capes. A partir da apresentação organizada pela própria agência federal, o professor doutor Sergio Andreoli, coordenador do programa de Pós-Graduação da Universidade Católica de Santos, fez a sistematização dos avanços e dos problemas da ferramenta, depois debatida pelo grupo.

Mesmo com as vantagens de não haver um tempo tão exíguo para o preenchimento de dados como no antigo Coleta e a unânime avaliação sobre a funcionalidade do sistema, os coordenadores criticaram a falta de mecanismos para validação final das informações. Na opinião da maioria, somente após uma verificação e checagem final é que as informações deveriam se tornar públicas e abertas a todo o Sistema Nacional de Pós-Graduação. Houve também reclamações sobre as inconsistências nos cadastros discentes e docentes e obrigatoriedade de se criar os vínculos a partir de documentos nacionais, o que não condiz com uma produção científica que busca a internacionalização. Ficou definido que os programas terão até 20 de maio para apontar sugestões e necessidades de ajustes. O conjunto dessas observações será encaminhada para a Capes pela coordenação do Fórum.

Em constante processo de discussão sobre os caminhos da Pós-Graduação, os coordenadores iniciaram um debate sobre o futuro da avaliação dos programas, buscando alternativas para o modelo atual, com a intenção de elencar propostas concretas para simular em alguns programas, de novas formas de avaliar, tentando trazer essa contribuição para a Capes. A tempestade de ideias abordou temas como as normas éticas de publicação, as posturas dos docentes sobre produtividade, os critérios de formação e o tempo e recursos gastos na formação dos estudantes. O Forum criou um GT, que deve incluir na sua composição pelo menos um dos membros dos atuais grupos GT Produção Técnica, do GT de subdivisão da produção docente nas 3 subáreas da Saúde Coletiva e da Comissão de Avaliação. O debate juntou-se com a apresentação de uma proposta do ISC/UFBA em pensar coletivamente uma plataforma de palestras especiais que potencializem a produção intelectual dos estudantes e docentes. A formatação desse projeto será liderado pelos cursos com notas 6 e 7 e contará com o apoio da Abrasco.

GT Produção Técnica e produção científica por subárea: Ainda na tarde de segunda-feira, os professores doutores Claudia Leite (IMS/UERJ) e Sergio Pacheco de Oliveira (ENSP/Fiocruz) apresentaram o resultado de um ano de trabalho do GT Produção Técnica. Após o envio da primeira proposta, 11 programas apresentaram sugestões de ajustes e contribuições. Ao final, foram sistematizados 19 itens em 4 eixos: produção de material bibliográfico com foco técnico-institucional; produto técnico de natureza instrumental; disseminação do conhecimento, e serviço técnico especializado. “Nosso objetivo foi pegar a maioria dos produtos que vão orientar a qualidade dos programas. Hoje produz-se muito conhecimento e a grande questão é como fazer a gestão dessa quantidade. Com esse mapa de conceitos, vamos realmente saber o que estaremos fazendo”, destacou Oliveira em sua apresentação.

O trabalho do grupo recebeu inúmeros elogios e o debate aconteceu em torno das formas de quantificar esses elementos dentro da diversidade de programas e linhas de pesquisa hoje em curso na Saúde Coletiva e o que os mesmos critérios podem dizer para a sociedade e para a comunidade acadêmica. “O produto desse trabalho deve ser menos importante para a orientação das notas, tendo em vista que esta é uma parte pequena do critério de avaliação da Capes, e servir mais para indicar por quais caminhos a área da Saúde Coletiva deve crescer”, frisou a professora doutora Aylene Bousquat, coordenadora do Fórum Nacional de Coordenadores de Pós-Graduação.

Pela manhã de terça-feira, o professor Jorge Iriart (ISC/UFBA) apresentou o estudo sobre a divisão da produção dos docentes pelas três subáreas da Saúde Coletiva e as relações de produtividade dos mesmos. O levantamento foi feito com base na avaliação do último triênio. Os dados mostram que quase 50% dos professores são da área da Epidemiologia, seguido pela área de Política, Planejamento e Gestão em Saúde e pela de Ciências Sociais e Humanas em Saúde, e que o primeiro grupo possui medianas muito mais altas do que os demais. “Isso serve como sinal de alerta: será que a diversidade, uma marca da área, não está sendo prejudicada pela avaliação?”, questionou Iriart, ao destacar que muitos programas utilizam as medianas para o credenciamento de seus professores e cujos os valores são maiores entre os docentes da Epidemiologia.

No debate, foi levantando o papel do equilíbrio entre as subáreas, a importância de valorizar a interdisciplinaridade que é da natureza do campo e aprofundar esse processo dentro das publicações e pesquisas, além da recomendação clara de que a mediana não seja utilizada no credenciamento dos novos docentes.

No encerramento, o professor Luis Eugenio de Souza, presidente da Abrasco, saudou aos presentes e destacou a unidade do Fórum como elemento de esteio da Associação, convidando todos a participar das celebrações de 35 anos da Associação. Na sequência, o professor Naomar de Almeida Filho, reitor da nova Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), falou um pouco do projeto da nova instituição. “Avaliamos os diferentes modelos de universidade para pensar a contribuição para a superação de desigualdades e dívidas com a sociedade. A universidade é uma instituição para a construção de cultura na valorização da sociedade e da história de um país, mas não pode dar as costas para a comunidade acadêmica”, frisou, ao abordar a escolha do modelo dos colégios universitários, ideia inicial do histórico professor Anísio Teixeira, como referência para o projeto da UFSB. O próximo encontro está marcado para os dias 26, 27 e 28 de novembro, na cidade de Porto Alegre.

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