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Retrospectiva Abrasco 2021: ciência para salvar vidas

Hara Flaeschen

Em janeiro de 2021 a enfermeira Mônica Calazans foi a primeira pessoa a ser vacinada contra a Covid-19 no Brasil. Enquanto em São Paulo, no sudeste, uma mulher negra retratava a esperança para milhões de brasileiros,mais ao norte, em Manaus, a população vivenciava momentos de terror. Leitos insuficientes, falta de oxigênio da rede hospitalar, escassez de equipamentos – resultado da omissão das autoridades políticas e sanitárias – trouxeram uma média de 125 enterros diários na cidade. A dor e o desespero contrastavam com a chegada, já tardia, da vacinação no país. Na retrospectiva deste ano, a Abrasco relembra o modo como esteve inserida na luta para salvar vidas. 

No documento “Pandemia da Covid-19 no Brasil – Perspectivas para o Ano 2021 e os desafios para saúde coletiva”, publicado em 15 de janeiro, a Abrasco já alertava a população brasileira “ sobre a “gravíssima ameaça representada pelo recente recrudescimento da Pandemia da Covid-19 no Brasil”. A entidade indicou que  era necessário e urgente garantir o financiamento adequado para o SUS, e vacinação para todas e todos – diante do atraso na compra dos insumos, impasses políticos na liberação da fabricação própria, e movimento negacionista do governo federal. 

Se, em 2020, o mundo foi surpreendido com o novo coronavírus, no início de 2021 já havia evidências científicas suficientes demonstrando o que era preciso para conter a transmissão. Em fevereiro, a nota “Salvar vidas urgentemente” antevia o caos, recomendando a criação de um Comitê de Salvação Nacional, com a participação de representações das três esferas de governo (federal, estados e municípios) e de representações do controle social do SUS e da comunidade científica. Apesar dos tantos alertas da comunidade científica, o Brasil mergulhou em um período ainda mais obscuro da pandemia, e, em maio, já superava o número de mortes de todo o ano de 2020 – chegando à marca de meio milhão de óbitos em junho.

Frente Pela Vida

A articulação de entidades científicas da saúde, juntamente com o controle social, foi intensa, na tentativa de frear a tragédia. Em março, a Frente Pela Vida reuniu milhares de pessoas no evento “O Brasil não pode se calar! Ato pela saúde, pela vida e pela democracia!”, e, em junho, promoveu a 2ª Marcha Virtual pela Vida, marcando um no de luta e luto desde a 1ª Marcha, que aconteceu em 2020. Em 5 de agosto de 2021, Dia Nacional da Saúde, o ato Defesa da Vida, do SUS e da Democracia reuniu diversas lideranças da área da saúde para um diálogo virtual e culminou na entrega de um Manifesto à CPI da Pandemia, no Senado Federal.

Em julho, a Frente Pela Vida formalizou apoiou aos atos presenciais contra o governo Bolsonaro, organizados em todo o país, sinalizando que “A população entendeu que este governo é mais letal do que o vírus”, e posicionando-se abertamente a favor do impeachment do presidente da República: “É preciso derrotá-lo para salvar vidas e mitigar os efeitos da crise sobre a economia e a sociedade. Fora Bolsonaro!”.

Em setembro, na reta final da Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou os atos (e/ou omissões) do presidente Jair Bolsonaro na crise sanitária da Covid-19, os senadores envolvidos no processo votaram um relatório , em que apontaram encaminhamentos a fim de continuar a investigação na esfera judiciária. Diante da importância do documento, a Frente Pela Vida encaminhou uma carta à CPI, saudando o trabalho dos parlamentares e reafirmando que “os responsáveis pelo desastroso manejo da pior crise sanitária da nossa história não fiquem impunes, que sejam julgados no rigor da lei e, comprovados a culpa e o dolo, sejam punidos pelos crimes que lhes sejam atribuídos”.

Ainda sobre a CPI da Pandemia, a Abrasco construiu a campanha Omissão Não é Política Pública (ONPP) , que, em novembro, levou até Brasília mais de 34 mil assinaturas, exigindo que o procurador-geral Augusto Aras não deixe impunes os possíveis crimes apontados pela CPI da Covid.

Vacinação

A cobertura vacinal no país é fruto da resistência. A sociedade civil organizada pressionou o poder público em cada etapa, e a Abrasco contribuiu tecnicamente para decisões importantes, como a vacinação para os povos indígenas – através da ADPF 709 , movida pela APIB – , e para a população quilombola. Clique para saber mais sobre a atuação da Abrasco junto a outros movimentos sociais, em 2021.  A Associação também se manifestou sobre a vacinação de adolescentes, em setembro, argumentando que “Todos os grupos populacionais se beneficiam da vacinação, tanto individualmente, pela redução dos casos graves (e suas complicações) e dos óbitos, quanto coletivamente, uma vez que a ampliação da cobertura vacinal reduz a transmissão da Covid-19”.

Mais recentemente, em 16 de dezembro, a Anvisa aprovou a utilização da vacina Comirnaty (Pfizer / BioNTech) para imunizar crianças acima de 5 anos de idade contra a Covid-19. O órgão demorou 21 dias para tomar a decisão, através de “análise técnica criteriosa de dados e estudos clínicos conduzidos pelo laboratório”, e concluiu que o procedimento é seguro – não coloca as crianças em risco – e eficaz para controlar o novo coronavírus. A Abrasco apoiou a agência tecnicamente no processo, sustentando um posicionamento científico favorável à vacinação infantil.

Para conferir todos os posicionamentos técnicos e políticos da Abrasco, clique aqui.

+ Confira o conjunto da Retrospectiva Abrasco 2021

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