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Saúde indígena: evento discutiu tomada dos espaços de decisão

Hara Flaeschen


“A gente aprende com nossos guardiões e guardiãs dos saberes e das ciências indigenas que quando o território sofre, é violado – cada vez mais adoecido – nós adoecemos junto também. O que acontece com os povos indígenas é racismo ambiental”, afirmou Giovana Mandulão, durante o painel “Saúde, ambiente e a luta indígena pelos corpos-territórios”, organizado pela Abrasco no dia 29 de junho.

Mandulão é coordenadora-geral de Gestão do Conhecimento, da Informação, da Avaliação e do Monitoramento da Secretaria de Saúde Indígena (SESAI/MS), e participou da atividade juntamente com Dinaman Tuxá, coordenador executivo da Associação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), e Braulina Aurora, diretora executiva da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA). O painel foi coordenado por Inara Nascimento, coordenadora do GT Saúde Indígena da Abrasco.

Para Dinaman Tuxá, é essencial a inserção dos espaços de decisão por pessoas indígenas – como a SESAI, em âmbito do Ministério da Saúde, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) e a criação do
Ministério dos Povos Indígenas.

“Fizemos uma luta, fizemos um enfrentamento, nos apropriamos das informações, nos qualificamos, e hoje ocupamos cargos estratégicos. Somos sujeitos que conhecem as necessidades dos povos indígenas. Como vamos conseguir saúde de qualidade para todos os povos indígenas sem território demarcado? É impossível o Estado brasileiro implementar ações sem pensar no eixo principal, que é território demarcado”, destacou Tuxá. 

Esse processo, no entanto, não é fácil, mesmo com os avanços recentes. São séculos de resistência, para garantir o direito ao território e à existência segundo os saberes tradicionais – mas também para ocupar a política, as universidades, a ciência. “Para nós, estar nesses espaços também traz dor. A gente aprende a falar português, a escrever. Enquanto pesquisadoras e mulheres indígenas, pouco somos referenciadas”, pontuou Braulina Aurora. 

O evento é parte das estratégias de elaboração do dossiê “Território, Ambiente e Saúde dos Povos Indígenas – vidas e políticas em contínuo estado de emergência”, uma iniciativa conjunta da Diretoria e dos GT’s Saúde Indígena e Saúde e Ambiente da Associação.  

Assista ao painel completo, na TV Abrasco: 

 

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