Aqui, o sol nasce primeiro: em João Pessoa, capital da Paraíba, está o pedaço mais oriental das Américas. Na noite de 21 de novembro, Jória Guerreiro, presidente do 9º Simpósio Brasileiro de Vigilância Sanitária, saudou as mais de 1000 pessoas que participaram da solenidade de abertura do evento, com versos da música de Renata Arruda: “Somos a porta oriental do Sol / Deste país tropical / Somos a mata verde, a esperança/ Somos o Sol do extremo ”. O evento acontece até a próxima sexta-feira, no Centro de Convenções Poeta Ronaldo Cunha Lima.
A Vigilância Sanitária se estrutura como um sólido campo de conhecimento e conjunto de práticas, atuando em frentes diversas, desde serviços de saúde e saneamento básico até produtos biológicos – como vacinas e hemoderivados – patente de medicamentos, controle sanitário de portos, aeroportos e fronteiras. Rosana Onocko, presidente da Abrasco, destacou que a função é nuclear, a “mais antiga da saúde pública”, e que mesmo países que não têm o conceito de Saúde Coletiva organizam um sistema de Vigilância Sanitária.
Para Onocko, esta edição do Simbravisa traz uma movimentação “inovadora, criativa, viva e desafiadora” para dialogar com toda a tradicionalidade do campo. “Esse evento traz a ideia de território, participação social, integralidade. O Brasil tem condições de desenvolver a Vigilância Sanitária de altíssima qualidade, mas o que vivemos na pandemia nos faz pensar que nosso sistema de saúde não pode ser tão frágil, é preciso fazer com que o direito à vida e à saúde seja mais consistente do que tivemos nos anos passado”
Jória Guerreiro citou Walter Galvão, autor paraibano, “é provocando que a gente se entende”. Segundo ela, a programação científica do simpósio é uma provocação, para instigar a Vigilância Sanitária a repensar suas práticas e racionalidades. Ela lembrou que é o primeiro evento pós-pandemia, quando a Visa foi convocada a opinar sobre os mais diversos temas – sepultamento, uso de máscara, uso de álcool, testes de farmácia, liberação de vacinas – e sofreu pressão para fornecer respostas rápidas, criar e flexibilizar normas para salvar vidas.
O Secretário de Saúde do Estado da Paraíba, Jhony Wesley Bezerra Costa, representou o governador do Estado e o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS): “A SES, o governo e a Agência Estadual de Vigilância Sanitária (AGEVISA) têm a honra de realizar, com a Abrasco, o 9º Simbravisa. É um momento para dialogar sobre as práticas sanitárias e suas relações com as políticas de saúde”.
Fernando Leles, oficial especialista de Sistemas e Serviços de Saúde da Organização Pan-Americana de Saúde no Brasil, representou a instituição, e pontuou que as trocas em espaços como o Simbravisa podem incidir sobre as políticas públicas fortalecendo o SUS como um todo e a própria Vigilância Sanitária.
Também compuseram a mesa de abertura Geraldo Menez, Diretor Geral da AGEVISA; Marilia Santini de Oliveira, Coordenadora-Geral de Laboratórios de Saúde Pública do Ministério da Saúde; Alex Motta, representando o Conselho Nacional de Saúde (CNS); Soraya Galdino Lucena, presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde da Paraíba, representando o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CONASS); Hortencia Salett, presidente do Conselho Federal de Farmácia.
Um artista para todos os tempos
Flávio Tavares, artista responsável pela obra que inspirou a identidade visual do 9º Simbravisa, foi homenageado pela comissão organizadora do evento. A proposta da identidade foi transmitir as principais ideias do simpósio – democracia, direito à saúde, importância do SUS e reflexões para o futuro – e foi inspirada na obra “No Reinado do Sol”, do pintor paraibano. O elemento principal da identidade é uma releitura do quadro, representando o sol, a barca e uma mulher.
Emocionado, ele contou que seu painel é um diálogo com “a mulher vestida de sol”, de Ariano Suassuna, uma homenagem do sertão ao litoral. A barca representa uma fábula sobre a fundação da cidade de João Pessoa, quando a primeira caravela atracou na Paraíba, e é uma referência à luta dos tabajaras e potiguaras na resistência contra a colonização.
Assista à cerimônia de abertura, que foi transmitida pela TV Abrasco: