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Tributo a David Capistrano acontece em São Paulo

Vilma Reis com informações de José Ruben e Agência Brasil

O nome que batiza ao menos duas casas de parto no país – no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte – é uma homenagem ao médico sanitarista e ativista em saúde pública David Capistrano Filho, que morreu em 2000, aos 52 anos, vítima de câncer. Nascido no Recife, ele teve participação ativa no processo de criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e defendeu práticas inovadoras para a época, como os médicos da família e as casas de parto.

Filho do ativista político e deputado David Capistrano, que desapareceu durante o regime militar, ele se formou em medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fugindo da perseguição da ditadura no Nordeste, também passou por São Paulo, onde, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), reuniu estudantes para atuar como agentes de saúde na periferia.

Na década de 1970, participou da criação do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes). Na época, colaborou para a elaboração do texto que deu origem ao capítulo sobre o SUS na Constituição de 1988. Também atuou na revitalização da entidade representativa dos médicos, hoje principal nome contrário às casas de parto.

Propostas de Capistrano Filho foram colocadas em prática pela Secretaria de Saúde de Santos e pelo governo de São Paulo, na década de 1990. Na área de saúde mental, por exemplo, ele defendeu a criação de núcleos de atendimento psicossocial em substituição à internação em hospitais. Esses núcleos se tornaram referência para a Organização Mundial de Saúde (OMS).

 

Por toda a representatividade das ações de Capistrano e pela falta que faz na Saúde Coletiva, no próximo dia 10 de novembro, amigos e companheiros de David vão recordá-lo no momento em que sua morte completa 15 anos.

Sua participação foi decisiva para a formulação teórica do Sistema Único de Saúde e sua inclusão na Constituição de 1988, animando projetos, entidades e pessoas para dobrar o conservadorismo privatista no setor. Sob seu comando, Santos transformou-se em uma das principais referências mundiais da luta contra a AIDS. Também se tornou a primeira cidade brasileira sem manicômios, impulsionando a reforma psiquiátrica e servindo de exemplo para outros países.

No dia 10 de novembro de 2000, depois de cirurgia para transplante de fígado, maltratado por hepatite e quimioterapias por ocasião do tratamento contra leucemia que o acometeu em 1982, a vida de David chegaria ao fim, aos 52 anos. Faleceu jovem, mas teve tempo de deixar um vasto legado de experiências, histórias e ideias que, para sempre, será lembrado por seus amigos e companheiros.

SERVIÇO

O tributo do dia 10 de novembro, terça-feira, será na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, no auditório João Yunes, na avenida Dr. Arnaldo 715, a partir de 19h30.

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