A edição do jornal televisivo Repórter Rio da TV Brasil, desta terça-feira 23 de junho, abriu com a história de Luciana Moisakis, advogada carioca que no mês passado precisou entrar na justiça para conseguir internar a mãe em um Centro de Cuidados Intensivos. Depois de 30 dias de espera, Luciana conseguiu a internação – mas já era tarde, D. Maria faleceu 4 dias depois.
Assista aqui a reportagem ‘Faltam leitos em UTIs de hospitais do Rio de Janeiro’
Sobre o número de leitos em Centros de Terapia Intensiva no Rio de Janeiro, a TV Brasil ouviu a professora Ligia Bahia, ao vivo, logo após a veiculação da reportagem que mostrou a história da família de Luciana. Confira o texto com um resumo da entrevista:
Apresentadora: (…) apenas 15% dos pacientes que precisam de leito em UTI aqui no Rio de Janeiro, conseguem vaga. Qual a real situação, como resolver isso?
Ligia Bahia: a real situação é a da desigualdade, isso tem que ser resolvido. É uma situação não acontece pra quem tem plano de saúde, na realidade nós temos uma enorme falta de leito para os pacientes que são do Sistema Único de Saúde – SUS, existem 4 vezes mais leitos para quem tem plano de saúde do que para quem não tem plano.
Apresentadora: mesmo com o aumento do número de vagas?
Ligia Bahia: sim, mesmo com o aumento. O que acontece é que nos CTIs da rede pública, encontramos pacientes jovens, enquanto que na rede privada a maioria dos pacientes de um CTI são idosos. Na realidade a ‘escolha de Sofia’ que se opera nos hospitais públicos é uma situação extremamente dramática, ela exclui por exemplo os idosos e eles acabam não sendo escolhidos como pacientes elegíveis para o CTI exatamente em função dessa disparidade entre quem tem plano de saúde e quem não tem.
Apresentadora: como é esse diálogo entre a central de regulação e os governos municipal, estadual e federal?
Ligia Bahia: outro grande problema, os hospitais vão sempre preferir internar os pacientes que já estão em outros hospitais, é disso que nos fala o colega do Sindicato dos Médicos na reportagem que vocês veicularam: ele nos diz que a cada plantão se forma uma lista imensa de pacientes, portanto essa central de regulação – que é para todos os pacientes, vai encontrar um oferta pequena de leitos porque esses são os leitos que sobraram dos outros pacientes que já estavam esperando nas emergências de hospitais. Então esses números são teóricos, não é que alguém esteja mentindo, todos estão falando a verdade: o problema é que o investimento precisa ser muito maior que o realizado até agora e é preciso que esse investimento seja planejado de maneira que as desigualdades se reduzam pois os critérios, inclusive de escolha para quem vai pro CTI ou não, passam a ser ditados pela rede privada, pela lógica, pelos parâmetros privados, portanto, sempre haverá uma falta imensa de leitos para o público se não houver um planejamento conjunto.
Apresentadora: e essa espera, às vezes de 30 dias, pode causar a morte de inúmeros pacientes, como a D. Maria, mãe da Luciana.
Ligia Bahia: certamente causa, pois os recursos existentes em um CTI salvam vidas: a situação é ao mesmo dramática e objetiva, falta leito de CTI no bBasil, embora tenha havido investimento, temos um deficit imenso que precisa ser resolvido.
Assista ao vídeo com a entrevista na íntegra: