Para celebrar o 27 de outubro, Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra e dar início às manifestações que vão marcar novembro, o mês da consciência negra, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Abrasco, por meio de seu Grupo Temático Racismo e Saúde (GT Racismo/Abrasco), apresenta sua mais recente publicação digital: População Negra e Covid-19.
A obra reúne 13 artigos assinados por docentes e pesquisadores de diversas instituições dedicados a vários aspectos da temática da saúde da população negra, integrantes do GT Racismo/Abrasco e parceiros. É também mais um dos resultados do apoio do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA Brasil) à Associação. Iniciado em 2020, este apoio teve como objetivo produzir insumos técnico-científicos a partir de estudos e análises sobre a situação da pandemia da Covid-19 na população negra, além de ampliar o intercâmbio com pesquisadores para a utilização de bancos de dados nacionais.
Os artigos acompanharam a trajetória da pandemia de junho de 2020 a setembro de 2021. Para travar o debate público, fazer a denúncia e dar visibilidade à produção de uma ciência negra, os textos foram inicialmente divulgados em diversos veículos da imprensa brasileira, como O Globo, Folha de S. Paulo, UOL, Carta Capital, Nexo Jornal, Alma Preta, e posteriormente republicados no site da Abrasco e UNFPA/Brasil.
“Essas produções, de autoria de vários participantes do GT Racismo e Saúde da Abrasco, têm tido papel crucial na visibilidade do racismo como um dos principais determinantes sociais de iniquidades em saúde que tem levado a população negra brasileira ao maior adoecimento e mortalidade por causas evitáveis como é o caso da Covid-19”, destaca Edna Araújo, uma das autoras, docente da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e que coordenou o projeto juntamente com Luis Eduardo Batista, da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
Reunidos, os artigos informam sobre os problemas estruturais da sociedade brasileira, abordando o racismo, a exclusão e a falta de acesso da população negra a serviços básicos, o que a projeta para o topo dos piores índices da pandemia no que tange ao número de vacinados e infectados e, consequentemente, no total de óbitos. Falam também da população negra na perspectiva dos direitos à cidadania, à saúde mental, ao envelhecimento saudável, à representatividade feminina e no combate à violência.
Além de reunir os textos, o e-book é ilustrado por fotografias feitas para a constituição de um inédito banco de imagens sobre saúde da população negra, que retrata diversas nuances do cotidiano da população afrobrasileira no enfrentamento da pandemia, tanto nas grandes metrópoles como nas comunidades quilombolas.
“Este volume, histórico, resulta de um esforço colaborativo entre a Associação e esse importante Fundo da ONU para que possamos avançar no compromisso de discutir a saúde a partir de perspectivas de raça, cor e etnia. Dessa forma, a Abrasco cumpre seu papel de chamar a atenção para a questão da vulnerabilidade de várias populações, sobretudo da população negra, particularmente em relação às políticas públicas de saúde, e para que a população negra possa ter acesso a um conjunto sólido de informações científicas para o seu empoderamento no campo da saúde coletiva”, ressalta Hilton Pereira da Silva, também autor, docente da Universidade Federal do Pará (UFPA) e membro da atual coordenação do GT Racismo/Abrasco.