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Fórum de Pós debate nova ficha de avaliação da Capes em encontro em Belém

Nos dias 17 e 18 de abril, aconteceu o primeiro encontro presencial de 2024 do Fórum de Coordenadores de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Abrasco. A cidade de Belém sediou esta edição e as atividades aconteceram na Universidade Estadual do Pará (UEPA). Esta é a primeira vez que uma cidade da região norte do Brasil recebe o evento, dando seguimento ao movimento do Fórum em estar cada vez mais presente onde é mais necessário.

Participaram da mesa de abertura Marcelo Castellanos (coordenador do Fórum), Bernardo Horta (coordenador da área de Saúde Coletiva na CAPES), João Simão (coordenador do PPGSCA), Ilma Pastana Ferreira (Vice-Reitora de Pesquisa e Pós-graduação da UEPA) e Maria Iracilda da Cunha Sampaio (Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-graduação da UFPA). Ainda durante a abertura, a professora Maria Amélia Veras (FCMSCSP) fez uma homenagem a José da Silva Guedes, que faleceu na última semana. Guedes era professor titular da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e ex-presidente da Abrasco e teve uma contribuição imensurável para a Saúde Coletiva no Brasil. 

O encontro contou com a presença de cerca de 110 coordenadores, vice-coordenadores e outros representantes de PPGs em Saúde Coletiva de todo o país, que discutiram, entre outros temas, a situação atual da formação em saúde coletiva e o modelo da nova ficha de avaliação da Capes que será utilizada no quadriênio de 2025-2028. 

Atualmente, o Fórum de Pós possui uma coordenação colegiada composta por Marcelo Castellanos (ISC/UFBA),  Elyne Engstrom (ENSP/Fiocruz) e Antônio Rodrigues Ferreira Júnior (CCS/UECE). Para a organização do evento, eles contaram ainda com o apoio da comissão local, composta por representantes da UFPA e UEPA, sob a liderança do Prof. João Simão (PPGSAS/UFPA).

Nova ficha de avaliação da Capes foi tema central do encontro

Nesta edição, o objetivo principal do encontro dirigiu-se à discussão sobre a nova ficha de avaliação da Capes, que será utilizada durante o quadriênio 2025-2028. Essa discussão foi disparada por uma solicitação da Capes às representações de área para que revisem e apresentem propostas de ficha, até junho deste ano. Segundo Marcelo Castellanos, “trata-se de um momento oportuno para avançarmos com proposições concretas e consequentes que expressam entendimentos amadurecidos ao longo dos últimos anos no Fórum sobre a revisão da avaliação Capes, em articulação profícua e apoio de nossos representantes de área na Capes. Nossos representantes têm afirmado reiteradamente a necessidade de superarmos a ênfase no quantitativismo e o uso da mediana de produção total da área como principal critério para credenciamento de docentes nos PPG. Eles têm sinalizado haver no CTC da Capes um panorama favorável para tais mudanças, sob o entendimento majoritário de que urge rever o uso do qualis e superar a reificação da contagem de pontos na avaliação dos produtos bibliográficos.”

A ficha de avaliação é composta por 3 quesitos (programa, formação e impacto) analisados a partir de diferentes indicadores. Há uma ficha para avaliar os PPGs acadêmicos e outra para os PPGs profissionais. Vale ressaltar ainda que a produção destas fichas foi iniciada há alguns meses, a partir de um processo participativo entre os integrantes do Fórum. Eles se dividiram em 6 grupos de trabalho, de forma a cobrir os três quesitos de cada uma das duas fichas.

Assim, para promover a discussão sobre as novas fichas, a programação do Fórum promoveu dois momentos. Uma plenária para a apresentação do processo de construção das propostas e das sínteses produzidas por cada GT, realizada na tarde do dia 18/04. E, no dia 19/04, os participantes se dividiram em dois grupos (profissional e acadêmico) para a discussão e avaliação das propostas. 

A coordenadora do Fórum, Elyne Engstrom, avalia que o encontro foi um momento estratégico de proposição: “o que a gente esperava era fazer uma reformulação dos parâmetros e indicadores de avaliação. A gente conseguiu aprofundar nestas questões e um ponto de destaque foi poder contar com a presença dos representantes da Capes para esclarecer nossas dúvidas e nos apoiar neste processo”, ressaltou. 

Durante as discussões, algumas tendências dentro do campo científico da Saúde Coletiva foram debatidas: tais como o produtivismo, a destinação de recursos para editoras internacionais, entre outros. Marcelo Castellanos explica que há um esforço do coletivo do Fórum de se valorizar análises qualitativas:  “além de contribuir para romper com o produtivismo, a opção de concentrar a avaliação na análise qualitativa dos destaques dos docentes e dos PPG traz maior equanimidade entre as três subáreas da saúde coletiva. Essa medida, junto com a valorização mais explícita da presença dos saberes e sujeitos dessas três subáreas na avaliação quadrienal ajudará a produzir um maior equilíbrio entre elas nos PPGs, de maneira coerente com o caráter interdisciplinar da saúde coletiva, além de garantir maior adesão à àrea. O desafio da adesão à área aumentou com a expansão dos PPGs e da saúde coletiva. Nossos representantes de área na CAPES têm chamado a atenção para a importância de olharmos com atenção para esse desafio”, reforça Marcelo. 

Nas próximas semanas todas as proposições e definições debatidas ao longo do encontro serão sintetizadas na formatação final das fichas. O novo modelo deve ser entregue para a Capes até o mês de junho, que por sua vez fará a avaliação e ajustes necessários para sua implementação em 2025.


Programação debateu também o cenário atual da Saúde Coletiva

O contexto atual da saúde coletiva e os desafios da área também foram pautas do encontro do Fórum de Pós em Belém. A presidente da Abrasco, Rosana Onocko Campos, o coordenador do Fórum, Marcelo Castellanos e a coordenadora adjunta da área da saúde coletiva na Capes, Aylene Bousquat, participaram do painel “Contexto contemporâneo da Saúde Coletiva e os desafios atuais da formação na pós-graduação”. A mediação foi feita por Antônio Rodrigues Ferreira Júnior. 

Em sua fala, Rosana refletiu sobre o papel da pós-graduação: “é necessário ir aonde o povo está. Os programas têm que estar na região norte do país, tem que interiorizar, a transformação e a integração social só se darão por contato e proximidade. Neste sentido, a pós-graduação tem que pensar muito claramente seu impacto social e para quem que ela trabalha”, explica.

A necessidade de superar as desigualdades entre as sub-áreas da saúde coletiva foi enfatizada pelos por Marcelo e Aylene, ao apresentarem números expressivos e preocupantes dessa situação nos PPGs e no diretório de grupos de pesquisa do CNPq. Marcelo também reforçou a necessidade de avançarmos com as políticas afirmativas nos PPGSC, especialmente na direção da permanência qualificada e superação da branquitude acadêmica. Segundo informou, duas grandes pesquisas sobre o tema foram aprovadas em um recente edital da CAPES, representando uma oportunidade para avanços.

Você pode assistir toda a programação do dia 18 de abril pela TV Abrasco.

Fórum aconteceu pela primeira vez um uma cidade do norte

Belém é a primeira cidade da região norte do Brasil a receber um encontro do Fórum.  Antônio Rodrigues Ferreira Júnior, que integra a coordenação colegiada desde 2023,  avalia que este é um importante avanço: “sair dos grandes centros nos permite adentrar em alguns lugares que precisam de visibilidade, de mostrar sua força, e isso fortalece os programas”, conclui. Ele ressaltou ainda o acolhimento e receptividade com que a comunidade acadêmica local recebeu o evento. 

A organização desta edição teve o apoio local da UFPA e da UEPA. Ao todo, mais de 50 pessoas, incluindo professores, técnicos e alunos de graduação e pós, se envolveram na produção do encontro. O professor João Simão de Melo Neto, coordenador do Programa Saúde, Ambiente e Sociedade na Amazônia da UFPA, integrou a comissão local e celebrou o momento: “A Amazônia está em destaque no mundo hoje, é a maior biodiversidade do mundo, e neste contexto receber o Fórum e promover esta troca com coordenadores de PPGS de todo o Brasil é de extrema importância para fortalecer a saúde coletiva na região”.

A organização pode contar ainda com o apoio de estudantes e docentes do curso de graduação em Saúde Coletiva da UEPA. Daniel Vitor, aluno do 3° período, foi um deles: “para nós, estudantes, esta é uma oportunidade de troca, de ter contato com professores de todo o Brasil e enriquece nossa formação”, celebrou.


Próximo encontro já tem data marcada

Belém se despediu do Fórum, mas o próximo encontro já tem data marcada. Ele acontecerá em Fortaleza, no dia 01 de novembro de 2024, na Universidade Estadual do Ceará. A data e o local foram escolhidos para aproveitar a mobilização gerada pelo 5° Congresso de Política, Planejamento e Gestão da Abrasco, que será realizado de 2 a 6 de novembro.

Confira as fotos do encontro:

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