Vigilância em Saúde, formação em Epidemiologia, meio ambiente, vacinação, iniquidades em saúde e Ciência Aberta foram alguns dos temas abordados nas 78 atividades do primeiro dia oficial do 12º Congresso Brasileiro de Epidemiologia (12º EPI) nesta segunda-feira (25), das 8h30 às 19h30, no centro de convenções EXPO MAG, no Rio de Janeiro (RJ). Ao todo foram 26 comunicações coordenadas; 20 rodadas de pôster dialogado; 18 mesas-redondas; 8 sessões de almoço; 4 palestras e 2 conferências. O evento reúne mais de 3 mil epidemiologistas, gestores, pesquisadores e estudantes até esta quarta-feira (27).
Nesta segunda-feira (25), os congressistas tiveram a oportunidade de conferir os 12 estandes na área de exposição e acompanhar o início das atividades da Tenda Paulo Freire, espaço voltado para pensar e produzir saúde além do modelo convencional. Esta é a primeira vez que a Tenda marca presença nos congressos de Epidemiologia organizados pela Abrasco.
Responsável por organizar os trabalhos e atividades na Tenda Paulo Freire, a vice-presidente da Abrasco, Luanda Lima, destacou o potencial da Educação Popular em Saúde para a Epidemiologia. “A Educação Popular traz essa perspectiva de uma construção compartilhada de saberes, e, como estamos num momento mundial de recriação, a Educação Popular tem papel muito importante para repensar a epidemiologia, contribuir com outras perspectivas de vigilância e até organização dos dados em saúde”, afirmou.
A Vigilância em Saúde e Ambiente em um contexto complexo: da reconstrução do pacto federativo aos desafios impostos pela desinformação
Durante a conferência “A Vigilância em Saúde e Ambiente em um Contexto Complexo”, Ethel Maciel, abrasquiana e secretária de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, destacou os desafios e avanços recentes do Sistema Único de Saúde (SUS), que vão desde a reconstrução do pacto federativo à luta contra a desinformação. A conferência abriu o primeiro dia de atividades do 12° EPI, às 8h30.
Para a secretária, o campo da Saúde se encontra num momento de união e reconstrução. Diante dos legados de destruição e desmobilização deixados pela última gestão federal, a epidemiologista destaca que, na atuação Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, os maiores desafios estão na retomada do pacto federativo. “ Recuperar a ideia de que vamos trabalhar juntos não é algo que se faz de um dia para o outro. Destruir algo é sempre muito fácil, rápido e geralmente bastante eficaz. Reconstruir, por outro lado, demora e exige o restabelecimento de confiança, reorganização e a retomada de diálogos que estavam interrompidos”, reflete.
A reconstrução do pacto federativo foi um ponto central do debate, e para além da retomada do diálogo, Ethel sinalizou avanços como a inclusão prioritária de grupos vulneráveis em campanhas de vacinação e celebrou a recente a saída do Brasil da lista de países com maior número de crianças sem vacina. Em 2021, o Brasil ocupava o 7° lugar nesse ranking.
“A necessidade de uma abordagem estrutural para promover a Saúde” – (tradução livre)
Coube ao professor da Universidade Harvard S.V. Subramanian encerrar as atividades do primeiro dia do EPI com a conferência “A necessidade de uma abordagem estrutural para promover a Saúde” – (tradução livre), às 18h30. O pesquisador e abrasquiano Antonio Fernando Boing foi o mediador do encontro.
Titular da cadeira de Saúde Populacional e Geografia na Universidade Harvard, Subramanian colabora com acadêmicos de todo o mundo e publicou mais de 670 artigos, capítulos de livros e livros que abordam determinantes sociais em saúde e iniquidades.
O pesquisador destacou, ao longo da conferência, a importância de pesquisas e ações de saúde que não foquem apenas em comportamentos individuais, mas investiguem e foquem em aspectos sociais e estruturais da sociedade. O recorte escolhido pelo professor para contextualizar a conversa foi o cenário mundial de mortalidade infantil. A apresentação foi dividida em três partes: onde estamos, o que falta em nossa abordagem e o que podemos aprender com a história.
“O atual discurso na saúde global prioriza questões comportamentais aos elementos estruturais. Nesse contexto, as mudanças climáticas podem prover o modelo de análise para demonstrar que não é uma mudança de comportamento individual que vai resolver as questões, e que é preciso colocar em prática medidas estruturais”, detalhou.
O 12º EPI continua com atividades nesta terça-feira (26). Acesse a programação completa e aproveite o evento.