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Dia Mundial da Saúde: saúde é democracia!

Leticia Maçulo

No Dia Mundial da Saúde, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) reafirma que saúde não é apenas a ausência de doença, mas a garantia de uma vida digna para todas e todos. Esse princípio, central na 8ª Conferência Nacional de Saúde, conduzida por Sergio Arouca em 1986, segue sendo um chamado essencial para o presente.

A defesa do conceito ampliado de saúde tem sido um dos pilares na construção do Sistema Único de Saúde (SUS). Para além do atendimento médico, a saúde depende de fatores como acesso à água potável, alimentação adequada, moradia digna, meio ambiente saudável, trabalho protegido, educação de qualidade e participação política.

Quase quatro décadas depois, o Brasil enfrenta novos desafios. O retorno da fome, os impactos da crise climática, o desmonte de políticas públicas e a crescente mercantilização da vida colocam em risco conquistas fundamentais da saúde coletiva. Ao mesmo tempo, avanços significativos marcam esse período, como destaca o pesquisador e presidente da Abrasco, Rômulo Paes.

“Desde as formulações dos anos 70 e 80 que levaram ao desenho original do SUS, tivemos importantes avanços na compreensão da saúde. Hoje, entendemos melhor o papel das desigualdades interseccionais na determinação das condições de saúde e a necessidade de políticas públicas específicas, com metas claras e ações integradas para o enfrentamento das iniquidades”, afirma Paes.

Além das desigualdades sociais, a crise ambiental tem ampliado os desafios do setor. “A dimensão ambiental do desenvolvimento global tem suscitado novas representações nos marcos teóricos da determinação causal, exigindo que as políticas de saúde explicitem melhor sua contribuição para enfrentar os desafios ambientais contemporâneos”, acrescenta o pesquisador.

Para Romulo, o fortalecimento do SUS também passa por mudanças na governança e no financiamento. “Vivemos transformações na base tecnológica da atenção à saúde, instabilidade na governança global e uma crescente ingerência do legislativo sobre a alocação orçamentária. O governo federal tem se esforçado para enfrentar os grandes déficits do SUS, mas os desafios ainda são enormes”, avalia. O SUS não é apenas um sistema de atendimento a doentes, mas um projeto de sociedade baseado na proteção da vida e na garantia de direitos.

No Dia Mundial da Saúde, a Abrasco reforça seu compromisso com a defesa do SUS, da ciência e das políticas públicas que promovem equidade e justiça social.

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