Mais uma vez, o SUS encontra-se numa encruzilhada. Sua capacidade de resposta frente à covid-19 foi posta à prova, sendo bem avaliado tanto pela mídia como pela sociedade em geral. Contudo, uma nova onda de autointitulados modernizadores quer justamente aprovar o momento para esvaziar sua intrínseca condição de direito e ampliar ainda mais o espaço do setor privado. Essa é a avaliação de Reinaldo Guimarães, vice-presidente da Abrasco, que participou do webinar saúde dos Diálogos Capitais, promovido pela revista Carta Capital. O debate, realizado na noite de 17 de agosto, contou também com a participação de Paulo Saldiva, professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM/USP), e de Alexandre Marinho, economista do IPEA.
Ao comentar sobre futuro do SUS no pós pandemia, o abrasquiano destacou que o SUS vive na adversidade desde sua criação constitucional, em 1988. O cenário da pandemia, no entanto, trouxe novos contornos. “A despeito de todas as desigualdades entre o público e o privado, o SUS sai fortalecido dessa pandemia na compreensão da população a seu respeito”.
Contudo, Reinaldo Guimarães salientou que apenas nos seus dois anos iniciais o Sistema não foi atacado em suas bases constitucionais, enquanto outros sistemas universais que o inspiraram, como o National Health System (NHS), do Reino Unido, tiveram um longo período de estruturação.
“Já na promulgação da Lei Orgânica do sistema, em 1990, o governo o atacou na fundamentação do orçamento, encerrando a compreensão tripartite da seguridade social. Em seguida, passou por oscilações, mas sempre na adversidade. Ele não encontrará um caminho sem ameaças. A população aprendeu a enxergá-lo de maneira diferente, frequentando as páginas dos jornais de maneira positiva. […] Há, porém, os novos arautos que, com o argumento de modernizá-lo, querem atacar outro princípio basilar, que é a saúde como direito, e não como mercadoria. Mas há sim o fato novo, o SUS na consciência de cada um”. Clique e assista ao debate na íntegra: